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Verstappen destrona Hamilton e põe fim à era Mercedes

Holandês de 24 anos conquista em Abu Dhabi o seu primeiro título mundial, numa corrida épica decidida na última volta

Verstappen Hamilton ultima carrera Mundial F1
Max Verstappen, no pódio do GP de Abu Dhabi, já como campeão mundial.KAMRAN JEBREILI (Reuters)

O Mundial de Fórmula 1 mais explosivo da última década se decidiu em Abu Dhabi de forma antológica em favor de Max Verstappen e da Red Bull, que se rebelaram contra a esmagadora inércia que a Mercedes e Lewis Hamilton haviam instaurado e puseram fim a uma era de domínio até agora incontestável. O primeiro título do britânico, o de 2008, emergiu do nada naquele disparatado Grande Prêmio do Brasil. Sete coroas e 13 anos depois, Hamilton já sabe como Felipe Massa se sentiu: absolutamente destroçado. Em uma das corridas mais loucas da história, Verstappen e a Red Bull nunca deixaram de acreditar numa façanha que, 10 minutos antes, parecia uma autêntica maluquice. Nem a incalculável colaboração de Checo Pérez, o melhor dos escudeiros —freou Hamilton para que seu vizinho de garagem se aproximasse—, parecia suficiente para reverter uma balança que já pendia demais para um lado. Entretanto, a entrada do carro de segurança revitalizou as chances da equipe do búfalo vermelho e do seu menino-prodígio, obrigados a jogar no contra-ataque, sabedores de que desta vez não eram os mais rápidos na pista.

Em uma última volta inesquecível, o Mad Max tirou proveito dos pneus novos com que acabava de calçar seu carro e foi para cima do rival, completamente desarmado e à mercê da descomunal voracidade do grande protagonista do ano. Com este triunfo, o 10º no seu currículo neste 2021, Verstappen se torna o primeiro holandês a se coroar campeão, e de passagem devolve a glória à Red Bull, que celebra seu quinto Mundial de pilotos depois dos quatro consecutivos encadeados por Sebastian Vettel (2010-2013). A segunda posição no circuito de Yas Marina foi para Hamilton, e Carlos Sainz completou o pódio, do melhor jeito possível para encerrar sua primeira temporada vestindo o macacão da Ferrari: à frente do colega de escuderia Charles Leclerc.

Dado o tremendo nível de tensão que pairava sobre o paddock nos últimos meses, e os ingredientes que coincidiram na última etapa do calendário, o desenlace não tinha como ser tedioso. Há uma semana, os comissários na Arábia Saudita perderam a paciência e decidiram impor punições a rodo, especialmente a Verstappen. Em Abu Dhabi, se fizeram de desentendidos num dos instantes mais decisivos de qualquer domingo: a largada. O piloto da Red Bull ficou pregado na pole, enquanto seu oponente saía disparado e se situava na frente. A última remodelação do circuito enfatizou a relevância da sexta curva da pista, o ponto escolhido pelo garoto de Hasselt para jogar o carro por dentro. A manobra forçou Hamilton a sair do traçado e a esquivar totalmente a segunda parte da variante. Isso ativou toda a maquinária da estrutura energética, que por rádio tentou de influenciar na decisão dos comissários, inalteráveis desta vez.

Com a primeira das Flechas de Prata na frente, o carro de segurança se aliou à Red Bull, que chamou seu búfalo para o estábulo e o devolveu à arena com as baterias carregadas. A vantagem estratégica jogou contra o líder (Hamilton) e a favor do perseguidor (Verstappen), que pôde decidir sabendo qual caminho o outro havia escolhido. E assim se apresentaram ambos no momento determinante do campeonato, quando o safety car liberou as feras a apenas uma volta da conclusão, tempo de sobra para que Verstappen estudasse como lançar o ataque definitivo ao piloto de Stevenage, completamente indefeso, incapaz de impedir a ultrapassagem deste animal competitivo, o melhor e mais valente de todos os competidores nesta temporada. “Isto é maravilhoso. Você olha para trás e se lembra de todos os quilômetros que fez na sua vida, de todos os amigos que me ajudaram e que puderam vir torcer por mim aqui. Que se resolva assim é incrível”, resumiu o novo campeão, de 24 anos, que com esse resultado nega a Hamilton (36) o oitavo troféu, aquele que o teria situado num plano único, acima do outro heptacampeão, Michael Schumacher.

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