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Grandes credores rejeitam oferta “definitiva” do Governo argentino para a dívida

Detentores dos bônus apresentam uma contraproposta, num momento crítico das negociações

Enric González
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, anuncia a prorrogação da quarentena, em 17 de julho.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, anuncia a prorrogação da quarentena, em 17 de julho.ESTEBAN COLLAZO (AFP)
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FILE PHOTO: Argentine one hundred peso bills are displayed in this picture illustration taken September 3, 2019. REUTERS/Agustin Marcarian/Illustration/File Photo
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-FOTODELDÍA- AME1871. BUENOS AIRES (ARGENTINA), 10/07/2020.- Fotografía fechada el 08 de julio de 2020 de trabajadores de una Cooperativa del Partido de Escobar recolectando cartones y plásticos en Buenos Aires (Argentina). Multitud de cartoneros argentinos acostumbrados a vivir con lo justo gracias a lo que consiguen en su recolección en la calle pasan por un momento crítico debido al temor constante al coronavirus por salir a trabajar pero al mismo tiempo con la necesidad de hacerlo para subsistir. La presidenta de la cooperativa "18 de abril" de la localidad de Escobar (Buenos Aires), Leo Larraburu, cuenta a Efe que una gran parte de los colegas a los que agrupa se está "cagando de hambre" puesto que por su trabajo no reciben ayudas por parte del Gobierno de Alberto Fernández, que según esta cartonera se encuentra "ausente" para ellos. EFE/ Juan Ignacio Roncoroni
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A longuíssima negociação entre a Argentina e seus credores privados chega a um momento crítico. Os três grandes grupos de detentores dos bônus rejeitaram de forma conjunta, na segunda-feira, a última e supostamente definitiva oferta do Governo de Alberto Fernández. E apresentaram uma proposta alternativa que, segundo eles, “representa importantes concessões econômicas e legais”. Pela primeira vez desde o início do processo, em fevereiro, os principais detentores da dívida em dólares formam um bloco. O ministro da Economia, Martín Guzmán, respondeu que os credores não entenderam “as restrições que a Argentina enfrenta”.

Está em jogo nestas negociações a reestruturação de 65 bilhões de dólares (346 bilhões de reais), dentro de uma dívida global que beira os 320 bilhões de dólares e representa 90% do PIB argentino. O desenlace é crucial porque um acordo permitiria à Argentina ter acesso aos mercados internacionais de crédito; se o país permanecesse no default (suspensão de pagamentos) no qual incorreu desde 22 de maio não teria muitas outras opções de continuar se financiando mediante a impressão de cédulas. As duas fábricas argentinas de papel-moeda trabalham atualmente 24 horas por dia, mas sua produção é insuficiente para atender à demanda. O Governo ofereceu contratos a outros países para que ajudem a fabricar pesos.

Horas antes de os três grandes grupos de credores (Ad Hoc, Comité e Exchange) anunciarem que consideravam inaceitável a última oferta do Governo, o jornal Financial Times publicou uma entrevista com Alberto Fernández em que o presidente argentino afirmava não poder fazer mais concessões. “Poríamos em risco nossa capacidade de cumprir o compromisso, e não quero extorquir ninguém”, disse.

Em termos semelhantes se expressou o ministro Martín Guzmán depois de publicada a proposta dos credores. Disse que a oferta apresentada no começo do mês representava o “máximo esforço” possível por parte do país e que não seria viável fazer novas concessões. “Aceitar o que pedem alguns credores significaria submeter a sociedade argentina a mais angústia, implicaria por exemplo ajustar aposentadorias, e não vamos fazer isso. Continuamos esperando que prime a boa fé por parte dos credores.”

Os grupos Ad Hoc, Comité e Exchange possuem juntos pouco mais de um terço da dívida em negociação. Um “não” da sua parte impediria qualquer tipo de acordo com outros credores individuais, já que é necessário o consentimento de 75% ou de 66% dos detentores dos bônus (dependendo do tipo de emissão) para que a reestruturação seja válida. Os três comitês aceitam os prazos e condições que o Governo propõe, mas exigem que o bônus extraordinário que compensaria parcialmente sua perda de dividendos renda em média 3,4% por ano, mais do que Alberto Fernández e seu ministro Guzmán estão dispostos a aceitar. Em troca, os comitês cedem nas condições do contrato para esses bônus substitutos, aceitando as regras que vigoram para a dívida argentina contraída desde 2016, em lugar das condições mais rigorosas de 2015 (aplicadas aos bônus do default de 2001 e já reestruturados pelo menos uma vez).

O Governo argentino, e em especial seu ministro da Economia, ficam numa posição delicada. Guzmán acreditava ter conseguido um acordo parcial com um dos grupos, o Comité, mas se encontra agora com uma frente unida. Para Fernández e Guzmán, ceder pela enésima vez, depois de ter assegurado que já não havia mais nenhuma margem, traria um alto custo político. Quando apresentou sua proposta “definitiva”, o Governo fixou o prazo para o fim das negociações em 4 de agosto.

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