EUA aprovam tratamento com transfusões de plasma para pacientes com coronavírus
Primeiros estudos apontam que 35% dos doentes se recuperam após receber o tratamento
![Paciente doa plasma em uma clínica de Seattle. Em vídeo, os casos aumentam nos EUA.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/UUNLJGM4RZB3JDY7BNXVOTWJF4.jpg?auth=ff9a4e0cfb20e57ede2aaaa9090caff52a23d0e93ed53d71edfd8a8d78d64292&width=414)
![Sonia Corona](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/https%3A%2F%2Fs3.amazonaws.com%2Farc-authors%2Fprisa%2F45e0d2da-26b0-425a-a01c-d52d1eeacc4d.png?auth=b4544e5029fe9544c4e8e38ad10a475c6b78b8e1a43d2dd283fb66f0b5048b63&width=100&height=100&smart=true)
A Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) autorizou o uso emergencial de plasma como tratamento para pacientes com coronavírus. A agência federal analisou nos últimos meses os resultados de doentes que receberam transfusões do componente líquido do sangue de pacientes que se recuperaram da doença. O plasma contém um alto nível de anticorpos que, segundo as análises da agência, ajudam na recuperação dos pacientes em alguns casos.
A agência tinha interrompido o processo na semana passada, alegando que os resultados das pesquisas não tinham sido conclusivos. Neste domingo, a FDA anunciou ter analisado os resultados de 20.000 pacientes que receberam transfusões de plasma – todos com menos de 80 anos, hospitalizados, mas sem necessidade de respirador artificial. A agência afirmou que pelo menos 35% dos doentes tiveram uma recuperação favorável após receber o tratamento. Nos Estados Unidos, estima-se que 70.000 pessoas com a covid-19 já tenham recebido uma transfusão de plasma de um paciente recuperado.
A mudança de rumo deste domingo é repentina e radical. “Os estudos realizados neste ano mostram que o plasma dos pacientes que se recuperaram da covid-19 têm o potencial de ajudar a tratar pacientes que estão sofrendo os efeitos deste terrível vírus”, afirmou Stephen Hahn, diretor da agência. Os estudos sobre o tratamento ainda estão em andamento, e o órgão se comprometeu a atualizar sua autorização conforme avançarem.
Até agora, o único tratamento autorizado pela FDA era o antiviral experimental remdesivir, elaborado pelo laboratório Gilead, e que recebeu sinal verde nos Estados Unidos em maio. O medicamento foi criado para tratar o ebola e a hepatite, mas não deu resultados satisfatórios. Contra a covid-19, o fármaco atua como um bloqueador do vírus quando entra no corpo humano. Até agora, os Estados Unidos registaram 5,6 milhões de casos e 176.000 mortos pela doença.
A nova autorização foi anunciada neste domingo pelo próprio presidente Donald Trump na Casa Branca. Nesta semana, no Twitter, ele tinha atacado a FDA por supostamente impedir que a vacina contra o coronavírus estivesse disponível para os norte-americanos antes de 3 de novembro, data das eleições presidenciais. “A FDA está dificultando muito que as companhias farmacêuticas cheguem às pessoas para fazer os testes com as vacinas”, escreveu Trump. Sob pressão do presidente, a agência cedeu.
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