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Nove perguntas que você deveria fazer ao psicólogo antes de começar uma terapia

Esse teste é a melhor maneira para garantir que você vai contar sua vida ao profissional adequado

Manuela Sanoja

Faz semanas, talvez meses, que qualquer coisa te altera. Quando você não estoura por bobagem, começa a chorar sem motivo. Os amigos tentam te animar, mas você sabe que precisa de outra ajuda, então põe mãos à obra para marcar uma consulta com um psicólogo ou terapeuta. Você intui que essa é a solução, mas como saber se está escolhendo a pessoa adequada? A melhor maneira de descobrir é não deixar que o profissional seja o único a fazer as perguntas.

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Entre os psicólogos, como em todas as carreiras, há profissionais e profissionais. Alguns são adequados para realizar certos projetos e outros se encaixam à perfeição no manejo de situações completamente diferentes. Saber qual lhe convém fica mais fácil se você conseguir que respondam às seguintes perguntas:

Qual é sua especialidade?

No Brasil, essa pergunta é importante porque a psicoterapia não é uma atividade privativa de psicólogos, podendo ser praticada por outros profissionais, como psicanalistas —desde que não utilizem o título de psicólogo.

Que tipo de terapia faremos?

É importante saber em que consiste o percurso planejado pelo profissional, já que eles podem ser muito diferentes, e é importante estar disposto a se submeter a esse plano. Cada terapeuta tem suas preferências. “A cognitiva-comportamental trata a forma como o indivíduo interpreta as situações, como reage a elas e as emoções que lhe geram; a psicanálise procura a origem de nossos problemas em vivências passadas (geralmente na infância); o enfoque sistêmico trabalha da posição que determinadas posições ocupam na sua vida…”, diz a doutora em psicologia Silvia Álava. A abordagem escolhida pelo especialista dependerá da escola de que provenha e do tipo de problema que lhe apresentarmos. “Embora ele não tenha completamente claro o que acontece, depois de uma primeira sessão o profissional desenvolverá uma hipótese de trabalho em que escolherá o tipo de terapia”, continua a especialista.

Como sei se dará certo?

Pedir que tenha resultados garantidos é demais, mas com esta pergunta é possível obter informações relevantes. “É preciso perguntar e pesquisar se a metodologia do especialista é respaldada por evidências empíricas e se ficou demonstrada sua eficácia em casos como o que lhe apresentamos”, esclarece Álava. Para descobrir isso, podemos nos dirigir diretamente ao terapeuta ou a qualquer conselho de psicologia. Se uma metodologia tiver aval científico em casos como o nosso, é provável que funcione, mas isso não é garantido: também é importante nos sentirmos à vontade com o método. “A química entre o psicólogo e o paciente é fundamental. Quando não existe, podemos nos sentir pouco à vontade numa terceira ou quarta sessão, e largar sem ter conseguido nada”, aponta Dapra. Álava concorda: “É preciso criar um vínculo e uma aliança terapêutica. A pessoa que temos diante de nós deve nos passar credibilidade, e devemos confiar nas emoções que nos transmite”.

É hora do que interessa

Você recebeu a recomendação de um profissional que parece competente, e se dependesse de você começaria a terapia hoje mesmo. Mas tenha paciência. Há mais coisas que convém ter claras antes de contratar seus serviços:

Quanto vai custar?

Perguntar sobre o preço é de mau gosto? Nada disso. Na verdade, você faria mal em evitar esta questão. Para Dapra, porém, pagar menos nem sempre é um bom sinal: “Quem cobra pouco é porque não tem pacientes e usa o preço como chamariz ou porque se valoriza pouco profissionalmente”. Também há profissionais que oferecem a primeira sessão gratuita, mas “é uma forma de atrair clientes”, acrescenta. E se você não puder pagar? “Há centros que trabalham com fundações ou estão integrados a mestrados, que são mais baratos”, diz Álava.

Quanto tempo durará o tratamento?

Não hesite em fazer esta pergunta, mas leve em conta que respondê-la é difícil até para o profissional mais preparado. “Depende de muitas variáveis”, diz Álava. A principal é que estejamos envolvidos na terapia. O psicólogo dará as ferramentas, técnicas e estratégias com as quais resolver o problema, mas é o paciente que deve fazer o trabalho. “Também depende do tipo de diagnóstico, não é o mesmo um transtorno de ansiedade, que tem um tratamento mais curto [entre três e seis meses, em média, segundo Dapra], que um da personalidade, que exige ferramentas para toda a vida”, esclarece Álava. Mais clara está a duração das sessões: “Entre 40 minutos e uma hora”, diz Dapra.

E se eu precisar de medicação?

“O habitual é que a psicoterapia baste”, diz a especialista, mas certas pessoas que podem precisar de fármacos. Nesses casos, o especialista recomendará a visita a um psiquiatra. “O psicólogo não pode receitar remédios, e nunca deve fazê-lo”, observa a especialista. Não pode nem sequer nos propor remédios próprios da homeopatia. “Se fizer isso, desconfie”, afirma Álava.

Melhor perguntar agora do que lamentar mais tarde

Uma vez começado o tratamento, é normal que continuem surgindo perguntas. Qualquer fase da terapia é oportuna para fazê-las, mas o melhor é se antecipar. Estas são as perguntas que podem aparecer durante o tratamento:

Como saberei se o tratamento está funcionando?

“O melhor indicador é como você se sente, mas há registros e medidas tomadas durante a terapia”, esclarece Álava. O profissional pode mencioná-los de antemão. A especialista se refere, por exemplo, a questionários que o psicólogo aplica ou a diários em que o processo vai sendo anotado. Assim poderemos comparar se continuamos tendo a mesma quantidade de crises do que quando começamos a terapia, se nos sentimos tão mal quanto… Também permitem medir nossa melhora com as capacidades de linguagem emocional que vamos adquirindo ao longo das sessões: “No princípio, você se sente ‘médio’, ‘mal’ ou ‘bem’, mas essas não são emoções. Passadas umas três ou quatro sessões, você é capaz de se expressar mais”, esclarece Dapra.

O que devo fazer se não notar uma melhora?

Aqui entra em jogo a confiança entre terapeuta e paciente. “Se você travar, deve ser sincero e claro com o psicólogo”, afirma Álava. Só assim ele poderá avaliar se é preciso mudar o enfoque, procurar outras variáveis que não estejam sendo tratadas, ou saber se você está pondo o foco unicamente no negativo. “Há pessoas que vão ao psicólogo com expectativas de estarem sempre bem, mas isso é impossível na vida. Não se trata de estar todo o dia em cima de uma nuvem cor de rosa, e sim de saber gerir as situações ruins, e o psicólogo é quem nos dará as ferramentas para isso”, esclarece a especialista.

E se recair ao terminar a terapia?

“Uma parte muito importante das sessões é trabalhar a prevenção para que isto não ocorra, mas se acontecer não é preciso se preocupar. Podemos voltar a repassar as ferramentas e técnicas que aprendemos”, continua Álava. Nesse caso, é muito provável que o processo seja muito mais curto: “O habitual é que em poucas sessões se volte a conseguir”, conclui.

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