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‘Satisfyers’ e masturbadores masculinos vivem auge no confinamento

Ana Alfageme

As vendas de brinquedos eróticos pela Internet dispararam durante o fechamento, transformando estes artefatos em bens de primeira necessidade para algumas pessoas

As vendas de brinquedos eróticos para mulheres e homens dispararam desde o início do confinamento decorrente da Covid-19.
As vendas de brinquedos eróticos para mulheres e homens dispararam desde o início do confinamento decorrente da Covid-19.Dima Sidelnikov (Getty)

O mundo era outro três meses atrás. Não só pelos abraços, pela rua e por toda essa gente que nos falta. Para muitas mulheres e não menos homens, o quarto era um lugar mais feliz. O Papai Noel, motivado pelo boca a boca, tinha deixado na chaminé um artefato que garantia orgasmos elétricos. Rapidíssimos. O Satisfyer chegou como um passaporte para falar de masturbações na mesa do bar.

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Enquanto o aparelho se acomodava em nossa mesinha de cabeceira, a peste do século XXI nos trancou em casa da noite para o dia. Voltamos a ouvir os pássaros enquanto na televisão a morte aparecia transformada em gráficos de barras. Todos conhecíamos alguém que tossia muito. As crianças corriam pela sala a qualquer hora, e nos autoexaminávamos, temerosos diante de qualquer dor de garganta.

Não parecia haver lugar para o gozo. Assim conta Laura Castro, do Platanomelón, um site de brinquedos eróticos que popularizou o sugador de clitóris no Instagram: “No começo do estado de alarme [as medidas de confinamento obrigatório na Espanha], as vendas caíram, mas depois dispararam”.

Aí estamos, portanto, recebendo satisfyers entregues por mensageiros de máscara. O aparelho, em todas as suas marcas e variações, continua reinando nos pedidos das lojas Amantis, agora transformadas em negociados virtuais. “A venda de sugadores cresceu 200% em comparação com março do ano passado”, conta o funcionário Christian Mahieu. Nesta crise houve inclusive uma estrela inesperada: “O bactericida para limpar brinquedos se esgotou, tivemos que acelerar sua fabricação”. Os botes de Limpin, como se chama o produto, vendem que nem água. A demanda cresceu 150%. “Estamos convencidos de que as pessoas o usam para desinfetar tudo.” Faz sentido. Conseguir álcool-gel virou uma odisseia.

A venda de lingerie e de masturbadores masculinos (ambos os artigos crescem 40% naquele site) denotam que o confinamento deixa, no entender da sexóloga Laura Morán, “mais tempo livre para as coisas importantes quando desaparecem as urgentes, como é o caso agora. Desta maneira, dedica-se atenção à intimidade”. Uma intimidade mais acessível sozinho ou a dois. Se você está no grupo dos pais-professores e não tem trinco nas portas, fica mais difícil. Ou se passa os dias vigiando bebês que pretendem conquistar o mundo doméstico com seu engatinhar.

O Platanomelón, cujo faturamento cresceu 400% em relação às datas prévias à quarentena, promove o sexo como antídoto para a ansiedade. Uma alternativa ao chocolate ou ao álcool, infalíveis alívios instantâneos de nossa existência confinada. Entregar-se ao autoprazer é sem dúvida mais saudável que esvaziar a geladeira com as mesmas propriedades relaxantes. E como estamos falando de descobrimentos, aqui vai outro: os brinquedos sexuais que podem ser controlados através de um aplicativo escalaram muitos postos na lista de desejos. Alguém de Sebastopol ou da rua do lado pode impor com seu telefone o ritmo do seu gozo. Uma versão virtual do encontro físico. “Antes do confinamento eram produtos muito de nicho”, prossegue Laura Castro, “agora estão sendo muito demandados, inclusive se esgotaram”.

Os sugadores têm uma desvantagem no tempo congelado da quarentena: levam ao orgasmo em poucos minutos. E talvez por isso, brinquedos que proporcionam sessões mais longas também estão entre os favoritos das confinadas. Lembra de Sex in the City? Pois é, quem voltou para ficar trancado conosco foi o vibrador coelhinho, que estimula o ponto G e o clitóris. Saúde e bons orgasmos.

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