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Pentágono concede contrato de 10 bilhões de dólares à Microsoft contra a favorita Amazon

Contrato para operar a nuvem de informações da Defesa havia confrontado as grandes empresas de bases de dados. O presidente Donald Trump se interessou pessoalmente pela disputa

Pablo Ximénez de Sandoval
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O contrato de defesa mais esperado dos últimos anos nos Estados Unidos, no valor de 10 bilhões de dólares, será da Microsoft. A decisão, divulgada na sexta-feira, é uma surpresa para o mercado, que esperava que fosse a Amazon. O contrato é para serviços de armazenamento de dados em nuvem, uma área em que as duas empresas são líderes. O presidente Donald Trump havia se envolvido pessoalmente na licitação pública.

O chamado contrato JEDI (empresa de infraestrutura conjunta de defesa) tem duração de 10 anos e é vital na estratégia de defesa dos Estados Unidos. O Governo procurava uma das grandes empresas de serviços de armazenamento e bases de dados em nuvem para criar, com décadas de informações de defesa, o tipo de serviço exigido pelas grandes empresas, que também estão transferindo a gestão e as informações confidenciais para a nuvem (servidores remotos).

Amazon, Microsoft, IBM, Oracle e Google estavam tentando obter esse contrato havia um ano. O Google se retirou da corrida citando um conflito com seus valores como empresa. Posteriormente o Pentágono anunciou que apenas Amazon e Microsoft cumpriam os requisitos técnicos. A Oracle, o maior provedor de bases de dados para grandes empresas, entrou com uma ação.

Em um comunicado citado pelo The New York Times, um porta-voz da Amazon se declarou “surpreso” com a decisão. A Amazon é líder em serviços de armazenamento (por exemplo, quase todo o conteúdo da Netflix está em seus servidores) e foi considerada favorita para fornecer esse serviço ao Pentágono. A Amazon Web Services “é líder clara em computação em nuvem e um estudo detalhado simplesmente comparando as ofertas levava a uma conclusão diferente”, disse o porta-voz.

A grande imprensa dos Estados Unidos e a imprensa especializada lembraram na sexta-feira que o presidente Donald Trump se interessou pessoalmente por esse contrato gigantesco. Trump começou há mais de um ano uma cruzada pessoal contra o dono da Amazon, Jeff Bezos, que também é dono do The Washington Post. Bezos se tornou alvo de uma tentativa de chantagem da American Media, empresa de veículos sensacionalistas dirigida por um amigo pessoal de Donald Trump. Bezos disse que havia uma motivação política por trás da operação.

O The Washington Post destaca que “o contrato é tão grande que poderia inclinar o lucrativo negócio da computação em nuvem em favor da Microsoft”. Os serviços de internet da Amazon têm uma participação de mercado de 48% e a Microsoft tem 15,5%.

Em julho Trump falou sobre esse assunto para dizer que estava pensando “muito seriamente” em intervir na licitação, algo que seria muito irregular por parte de um presidente. Trump disse ter “enormes queixas sobre o contrato do Pentágono com a Amazon” e que “dizem que não é uma proposta competitiva”. Trump lembrou que é “um contrato muito grande, um dos maiores da história” e disse que todas as outras empresas participantes da licitação tinham reclamado. “Então vamos dar uma olhada, com muito cuidado”.

Depois das declarações de Trump, o secretário de Defesa, Mark Esper, anunciou que revisaria todo o processo do concurso, o que atrasaria a decisão por várias semanas. Depois Esper anunciou que recusava a tarefa, já que seu filho trabalha para uma das empresas que estavam originalmente na licitação, embora não tenha sido uma das duas finalistas.

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