Trump impõe sanções a três ministros da Turquia e pune o país com tarifas
Decisão de Washington ocorre em meio a críticas nos EUA pela retirada de soldados no norte de Síria

O presidente Donald Trump anunciou nesta segunda-feira que imporá tarifas ao aço procedente da Turquia, em retaliação por suas “ações desestabilizadoras no nordeste de Síria”. Além disso, impôs sanções a três ministros do Executivo do presidente Recep Tayyip Erdogan e ordenou a paralisação “imediata” das negociações sobre um acordo comercial com o país euroasiático.
“A ofensiva militar da Turquia põe os civis em perigo e ameaça a paz, a segurança e a estabilidade na região. Fui perfeitamente claro com o presidente Erdogan: a ação da Turquia está precipitando uma crise humanitária e criando as condições para possíveis crimes de guerra”, afirmou Trump em nota. “Infelizmente, a Turquia não parece estar mitigando os efeitos humanitários de sua invasão”, acrescenta, e conclui: “Estou totalmente preparado para destruir rapidamente a economia da Turquia se os líderes turcos seguirem por este caminho perigoso e destrutivo”.
O presidente divulgou o comunicado após se reunir com seus assessores na manhã de segunda-feira. Ele não esclareceu quando as sanções individuais e comerciais entrarão em vigor. Informou, no entanto, que a alíquota sobre o aço turco “voltará a ser de 50%, o nível anterior à redução de maio”.
A Casa Branca reduziu em maio de 50% para 25% a alíquota sobre o aço importado da Turquia. O valor anterior havia sido adotado no ano passado como forma de pressão no conflito resultante da detenção de um clérigo norte-americano acusado de espionagem pelo Governo turco. A Turquia é o oitavo maior produtor de aço, e em 2018 quase 5% de suas exportações da ligas siderúrgicas foram para os EUA.
Paralelamente, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) bloqueou os ativos e proibiu a entrada nos EUA dos ministros turcos de Defesa Nacional, Hulusi Akar, Interior, Suleyman Soylu, e Energia, Fatih Donmez, além de sancionar os próprios ministérios de Defesa Nacional e de Energia como instrumentos do Governo de Ancara para a incursão contra os curdos na Síria.
Como resultado da sua decisão, os EUA bloquearam todos os ativos que os ministros possam ter sob jurisdição norte-americana, proibiu pessoas ou entidades dos EUA de manterem relações comerciais ou financeiras com os indivíduos e entidades designados pelo Tesouro e proibiu a entrada desses funcionários em seu território.
O anúncio ocorreu pouco depois de, neste domingo, o secretário de Defesa, Mark Esper, confirmar que, por ordem de Trump, praticamente todo o contingente militar norte-americanos está sendo retirado do norte de Síria (quase mil soldados). Na semana passada, a Turquia iniciou uma ofensiva militar nessa região contra as tropas curdas, fiéis aliadas dos norte-americanos em sua luta contra o Estado Islâmico na região. A ofensiva foi facilitada pela decisão de Trump de abrir o caminho para as tropas turcas, ao retirar meia centena de soldados que os EUA mantinham na região.
A decisão de Trump de abandonar os aliados curdos à própria sorte causou duras críticas em Washington, inclusive por parte de legisladores republicanos que sempre apoiaram o presidente. Os congressistas havia dias vinham pressionando o Governo com iniciativas bipartidárias voltadas para a adoção de sanções à Turquia.