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União Europeia abre investigação sobre fusão Boeing-Embraer

Comissão manifesta preocupação com redução da concorrência em aeronaves de até 225 assentos

Lluís Pellicer
Um avião da família B737 Max decolando de Renton, Washington.
Um avião da família B737 Max decolando de Renton, Washington.Ted S. Warren (AP)
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Bruxelas e Washington continuam travando sua batalha aérea. A Comissão Europeia (Poder Executivo da União Europeia) decidiu nesta sexta-feira iniciar uma investigação aprofundada sobre a fusão da norte-americana Boeing com a brasileira Embraer, dado o risco de que a operação possa "reduzir a concorrência" no mercado de aeronaves comerciais. A decisão sai apenas dois dias depois de os Estados Unidos anunciarem sanções como parte do litígio cruzado que mantém com a UE pelas subvenções à Boeing e à Airbus. Fontes comunitárias, entretanto, desvincularam os dois episódios.

A comissária (ministra) de Concorrência da UE, Margrethe Vestager, decidiu questionar de forma aprofundada o impacto para o mercado da fusão entre a Boeing e a Embraer. A operação, que se for concretizada resultará numa empresa avaliada em mais de 17 bilhões de reais, foi comunicada a Bruxelas em 30 de agosto. Fontes comunitárias disseram que este passo à frente se deve a uma questão de prazos e o desvincularam do conflito desatado pela decisão da Administração de Donald Trump — avalizada pela Organização Mundial do Comércio — de aplicar tarifas num valor de 7,5 bilhões de dólares sobre produtos europeus como contrapartida pelas subvenções de Governos europeus à Airbus, principal concorrente da Boeing.

Depois de um exame preliminar, a área de Concorrência da Comissão constatou que a fusão eliminará o terceiro maior fabricante mundial de aviões comerciais, num mercado que já é "altamente concentrado", segundo um comunicado. Apesar da pujança de suas indústrias, Bruxelas acredita que, em médio prazo (de cinco a dez anos), China, Japão e Rússia ainda não serão capazes de "superar as barreiras de entrada" nesse negócio, razão pela qual o desaparecimento da Embraer do tabuleiro mundial pode "gerar preços mais altos e menos opções".

O departamento de Vestager observa que os problemas de concorrência se dariam em especial em dois mercados: o dos aviões de corredor único, de 100 a 150 lugares, e das aeronaves médias, de 100 a 225 assentos. Apesar da concorrência da europeia Airbus, a Comissão acredita que, no primeiro caso, Boeing e Embraer têm uma oferta que aponta para a mesma demanda e clientes; no segundo, considera que a transação "pode eliminar uma força competitiva pequena, mas importante, do mercado geral de corredor único". Segundo a Comissão, as companhias não quiseram fazer nenhuma concessão diante dessas duas preocupações das autoridades comunitárias de Concorrência.

A operação planejada supõe fundir a Boeing, um dos dois principais fabricantes de aviões comerciais do mundo, com a Embraer, líder em aeronaves regionais. Em nota, Vestager justificou a abertura da investigação pela necessidade de assegurar que "as fusões" nesse mercado "não reduzem significativamente a concorrência efetiva em preços e desenvolvimento de produtos". A Comissão conta, a partir de agora, com 90 dias úteis (até 20 de fevereiro de 2020) para autorizar ou vetar a operação, que também está sendo examinada por outras autoridades de concorrência.

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