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Aécio resiste à pressão de Doria e segue blindado no PSDB

Executiva nacional do partido arquivou dois pedidos de expulsão do ex-senador. "PSDB escolheu o lado errado. Quem perdeu foi o Brasil", comentou o governador de São Paulo

Rodolfo Borges
Aécio Neves na Câmara em fevereiro.
Aécio Neves na Câmara em fevereiro. Valter Campanato (Agência Brasil)
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O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) teve de abrir mão de suas pretensões políticas mais ambiciosas na última eleição por conta da acusação de ter recebido propina de Joesley Batista, do grupo J&F, mas ainda pode se apresentar como um tucano na Câmara. Nesta quarta-feira, o ex-senador, que esteve perto de ser eleito presidente da República em 2014, escapou de ver abertos dois processos que poderiam terminar em sua expulsão do PSDB. E, apesar da pressão do governador de São Paulo, João Doria, e do prefeito da capital paulista, Bruno Covas, Aécio sobreviveu com folga: 30 dos 35 votantes da executiva nacional tucana optaram pelo arquivamento das representações.

Após a divulgação do resultado, Doria deixou ainda mais clara sua posição sobre o caso de Aécio: "PSDB escolheu o lado errado", escreveu em seu perfil no Twitter. "Lamento a decisão da maioria dos membros da Executiva do PSDB que votou a favor da manutenção de Aécio Neves na legenda. Respeito a votação, mas ela não reflete o sentimento da opinião pública brasileira", disse o governador de São Paulo, acrescentando: "Cada membro da executiva deve responder por sua posição. A minha é clara: Aécio Neves deve se afastar do PSDB e fazer sua defesa fora do partido. O derrotado, nesse caso, não foi quem defendeu o afastamento de Aécio. Quem perdeu foi o Brasil".

Em julho, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, chegou a dizer que o PSDB nacional teria de decidir entre ele e Aécio. Decidiu pelo mineiro. Para o deputado federal Celso Sabino (PA), relator dos pedidos de expulsão de Aécio, a ausência de condenação do ex-senador, "sequer em primeira instância", transformaria um processo de expulsão em pré-julgamento. Segundo o presidente nacional do partido, o também deputado federal Bruno Araújo (PE), a decisão desta quarta-feira encerrou qualquer debate sobre a expulsão do ex-governador de Minas Gerais, ao menos no que diz respeito ao caso em questão — ou seja, as implicações da Operação Lava Jato para o tucano.

Desde a derrota acachapante do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin na disputa presidencial de 2018, o PSDB busca um rumo. As rédeas do partido pareciam nas mãos de Doria, que já desponta como provável candidato tucano à Presidência, mas a sobrevivência de Aécio sugere que o partido ainda está longe de se unir em torno do nome do governador de São Paulo para 2022. Em julho, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já mostrava isso: "O PSDB tem um estatuto e uma comissão de ética. Há que respeita-los. Jogar filiados às feras, principalmente quem dele foi presidente, sem esperar decisão da Justiça, é oportunismo sem grandeza. Não redime erros cometidos nem devolve confiança".

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