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Salvini pressiona para que a Itália vá às urnas o quanto antes

Líder do partido de ultradireita Liga insiste que deputados votem até quinta-feira a destituição do premiê italiano Giuseppe Conte

Matteo Salvini com apoiadores, neste sábado.
Matteo Salvini com apoiadores, neste sábado.ALBERTO PIZZOLI (AFP)

O líder do partido ultradireitista Liga e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, não dá trégua. Após dinamitar o Governo de coalizão com o Movimento 5 Estrelas (M5S), pressiona para acelerar a crise com a intenção de que uma eleição geral seja convocada o quanto antes. Durante um comício neste sábado em Matera, exigiu que os deputados votem a moção de censura contra o primeiro-ministro Giuseppe Conte antes da próxima quinta-feira. O Partido Democrático, enquanto isso, anunciou que não apoiará Conte.

A eclosão da crise de Governo na Itália, depois que a Liga apresentou uma moção de censura contra o primeiro-ministro – a quem apoiava até agora –, abre vários cenários possíveis: que o presidente da República, Sergio Mattarella, proponha um Executivo técnico para aprovar o orçamento geral; que convoque eleições gerais antecipadas; ou que o M5S, que até agora governava com a Liga, forme uma maioria alternativa.

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A única opção possível seria somar forças com a esquerda do Partido Democrático (PD), algo que parece cada vez mais improvável. Paola de Micheli, subsecretária da formação, afastou-a ainda mais ao declarar que “não se dão as condições políticas para outro Governo, ao menos com o PD: esta é a linha da direção nacional do partido aprovada por unanimidade”. Eliminou assim quaisquer dúvidas sobre a postura do PD na votação da moção de censura, ainda pendente de data.

Enquanto os grupos parlamentares estudam suas posturas, Salvini pressiona diariamente por eleições o quanto antes, ao mesmo tempo em que multiplica suas aparições e comícios já claramente eleitorais numa excursão pelas praias do sul do país. Na sexta-feira à noite, conclamou os parlamentares, que estão de férias, a “mexerem a bunda e voltarem para Roma”. E no sábado pediu, num ato na província sulista de Matera, que se vote a moção de censura contra Giuseppe Conte “antes de 15 de agosto”.

Quando chegou a este evento, um grupo de pessoas o recebeu com vaias, cantando Bella Ciao, o hino partisano, e com cartazes em que se lia “o sul não perdoa” e “quando Salvini fala o IVA [imposto sobre consumo] sobe”. Outros lhe dirigiram gritos de “racista”, e uma mulher atirou água no seu rosto. O ministro do Interior disse que responde aos insultos “com um sorriso” e continuou com sua campanha. Embora peça eleições e a aceleração dos prazos, o único com poder de dissolver o Parlamento é o chefe de Estado, o verdadeiro árbitro do jogo político italiano neste momento.

À espera de um calendário para solucionar a crise, instalou-se entre os ex-aliados uma espécie de paz armada carregada de recriminações mútuas. Enquanto Salvini alega que tomou a decisão de romper a coalizão por causa dos contínuos “nãos” que seus planos estariam recebendo de seus sócios, o líder do M5S, Luigi Di Maio, continua recluso, encontrou apenas parte do primeiro escalão do seu partido e se limitou a escrever uma longa mensagem no Facebook acusando o ministro do Interior de agir guiado pelo “egoísmo”. “Quando as pesquisas lhe disseram que poderia romper, rompeu”, afirmou.

Também advertiu que o M5S recolherá assinaturas no Parlamento para pedir a votação urgente da reforma, promovida por seu partido, que reduz o número de deputados e senadores, algo que atrasaria inevitavelmente qualquer outra manobra no Parlamento. 

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