_
_
_
_

Brasileiro Karim Aïnouz ganha mostra Um Certo Olhar em Cannes

‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’ conquista o prêmio principal do júri na competição paralela

Karim Ainouz entre Julia Stockler e Carol Duarte, que atuam em 'A Vida Invisível de Eurídice Gusmão'.
Karim Ainouz entre Julia Stockler e Carol Duarte, que atuam em 'A Vida Invisível de Eurídice Gusmão'.STEPHANE MAHE (REUTERS)
Gregorio Belinchón

A Vida Invisível, do cearense Karim Aïnouz, conquistou o prêmio principal da mostra Um Certo Olhar, competição paralela do Festival de Cannes. É a primeira vez que um filme brasileiro ganha essa competição, a segunda mais importante do festival. "É importante que este prêmio de fato possa servir para incentivar o futuro do cinema brasileiro, a diversidade da cultura brasileira", disse o cineasta após a premiação. "E que a gente tenha um Brasil melhor que o que a gente tem agora. Queria dedicar especialmente a minha amada Fernanda Montenegro e para todas as mulheres do mundo", completou, fazendo menção à atriz que faz uma breve participação no filme.

Mais informações
A luta argentina pelo aborto legal emociona em Cannes
Tarantino e sua carta de amor a um cinema desaparecido

Aïnouz conta a história de Eurídice e Guida, duas irmãs de personalidades distintas que sofrem na sociedade machista da década de 1950 no Brasil. A história é baseada no livro homônimo de Martha Batalha. Aïnouz é famoso por filmes como Madame Satã (2002), O céu de Suely (2006) e Praia do futuro (2014). Foi o grande nome da noite de sexta-feira em Cannes, mas a mostra paralela distribuiu menções especiais aos outros competidores.  Os espanhóis Oliver Laxe e Albert Serra conseguiram dois dos prêmios concedidos pelo júri presidido pela cineasta libanesa Nadine Labaki. O filme O Que Arde, de Laxe, levou o Prêmio do Júri, e Liberté, de Albert Serra, um Especial do Júri.

O prêmio de melhor interpretação foi para Chiara Mastroianni (por Chambre 212), o de melhor direção ficou com Kantemir Bagalov (o diretor de Tesnota), por Beanpole. Além disso, o júri — do qual também faziam parte o diretor argentino Lisandro Alonso, a atriz francesa Marina Foïs, o diretor belga Lukas Dhont e o produtor alemão Nurhan Sekerci-Porst — decidiu outorgar outros três troféus: a La Femme de Mon Frère, de Monia Chokri; The Climb, de Michael Angelo Covino, e Jeanne, de Bruno Dumont. O júri de Um Certo Olhar só tem a obrigação de dar o prêmio ao melhor filme, os demais são por iniciativa própria.

View this post on Instagram

GANHAMOS!

A post shared by Karim Ainouz (@karimainouz) on

De acordo com a ordem com que o júri anunciou a lista de vencedores, o filme do espanhol Laxe foi considerado o segundo melhor da mostra e o de Serra, o terceiro. Há alguns dias, o cineasta galego explicou que a obra representava seu regresso a casa, para a Galícia, depois de 10 anos vivendo no Marrocos. "É a minha casa e ao mesmo tempo não é, porque um cineasta é sempre um estrangeiro, ele deve manter uma distância para filmar".

Com O Que Arde, Laxe conquista mais um prêmio no festival francês: com seu primeiro filme, Todos Vosotros Sois Capitanes (2010), levou um dos prêmios Fipresci da crítica internacional. Com o segundo, Mimosas (2016), ganhou o Grande Prêmio da Semana da Crítica. No filme o diretor conta a volta para casa, depois de cumprir sua sentença, de Amador, um piromaníaco que, como dizem ao seu lado, "quase queima meia Lugo". Em sua cidade é esperado por Benedita, sua mãe, tão velha quanto cheia de energia. A já complexa inclusão de Amador se agrava quando irrompe um novo incêndio. O Que Arde tem um poder visual exuberante e um som, tanto o do ambiente como da música, muito cuidadoso. "Não justifico o piromaníaco, mas acho que há mundos difíceis, que temos de cortar a cadeia da dor. Por isso não há dialética, o telespectador tentará entender todos", disse o diretor.

Liberté descreve uma noite em uma floresta europeia do século XVIII onde os iluminados expulsos da corte de Luís XVI estão envolvidos com o cruising (sexo em locais públicos). "Na verdade, o que eles dizem é mais transgressivo do que o que se vê”, dizia Serra em sua promoção em Cannes. O filme desenvolve uma ideia que ele apontou na instalação Personalien, em fevereiro, no Reina Sofía. "Gosto mais do filme do que da instalação, porque é mais duro. Se em Personalien havia prazer culpado por parte do espectador, e você participava um pouco disso, aqui em Liberté a frontalidade da tela leva à alteridade com os personagens. E eu pude contar um pouco mais dessa evolução histórica, que conduzi até o trash”, afirmou na ocasião.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_