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EUA registram a taxa de desemprego mais baixa em quase meio século

Desocupação fica em 3,6% em abril, após a criação de 263.000 novos postos de trabalho em maio

Celebração no distrito financeiro de Nova York.
Celebração no distrito financeiro de Nova York.SPENCER PLATT (AFP)
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A economia dos Estados Unidos avança com solidez quando a expansão que se seguiu à Grande Recessão vai completar uma década. Reflete-se no emprego. A taxa de desocupação caiu 0,2 ponto percentual em abril, ficando em 3,6%. É o índice mais baixo desde dezembro de 1969. Esse número foi obtido após a criação de 263.000 novas vagas, mais do que se esperava. Acelera-se em relação aos 189.000 de março. O Federal Reserve (banco central), portanto, pode continuar avançando sem pressa com o processo de normalização.

O mercado de trabalho não está demonstrando sinais de que vá moderar o ritmo de geração de empregos, apesar de o buraco de fevereiro, que na leitura final fica em 56.000 novos ocupados. Jerome Powell, presidente do Fed, já havia dito na quarta-feira passada que a criação de empregos estava sendo robusta e antecipou que a economia continuará avançando a um ritmo saudável pelo resto do ano.

A taxa de crescimento anualizada foi de 3,2% no primeiro trimestre. O previsível, segundo os analistas, é que nestas condições a geração de empregos progrida a um ritmo ligeiramente inferior a uma média mensal de 200.000 contratos. O Fed, enquanto isso, se ampara na baixa inflação para deixar as taxas de juros intactas. Estão desde dezembro numa faixa entre 2,25% e 2,5%.

No primeiro trimestre, gerou-se emprego a um ritmo próximo dos 180.000 ocupados mensais em média. A produtividade nesse período se acelerou 3,6%, enquanto o desemprego se manteve em 3,8%. Os salários crescem a 3,2% por ano, o que não é suficiente para despertar temores inflacionários no Fed. Powell afirma não ver indícios de que a economia esteja se reaquecendo.

O Fed tampouco vê sinais na direção oposta que antecipem uma contração e lhe forcem a reduzir os juros, como reivindica o presidente Donald Trump com insistência. Mas o indicador de emprego mostra um ponto de vulnerabilidade na indústria, onde foram gerados apenas 4.000 empregos no mês, contra os 22.000 de média mensal em 2018. Esse setor é um celeiro de votos para o republicano.

Debilidade na indústria

O índice de atividade industrial publicado nesta semana mostrou uma desaceleração significativa. Powell explicou durante a entrevista coletiva posterior à última reunião que essa é uma tendência observada em escala global. “Os serviços crescem mais rápido”, afirmou, embora ao mesmo tempo tenha indicado que espera uma “contribuição positiva do setor industrial na expansão econômica”, porque ele continua crescendo.

Embora junho marque o décimo aniversário do fim da recessão, o mercado trabalhista necessitou de um ano a mais para começar a sair da crise. A sequência atual, a mais prolongada nos registros, começou em outubro de 2010. Na época o desemprego rondava 10%. Mas boa parte dessa queda se explica porque a taxa de participação está em 62,8%. Em abril, meio milhão de pessoas abandonaram o mercado de trabalho.

Se forem levadas em consideração as pessoas que não procuram emprego ativamente e que são forçadas a trabalhar em tempo parcial, a taxa de desemprego seria de 7,3% em abril. Nesse caso teria se mantido estável e estaria em um nível ligeiramente superior ao período de expansão que terminou com o estouro da bolha tecnológica. Isso sugere que ainda há margem para criar mais empregos.

Os EUA encadeiam, de qualquer maneira, 103 meses seguidos de criação de emprego, batendo assim um novo recorde. O ritmo robusto de contratação não é somente mais uma evidência de que o medo de uma recessão foi exagerado, também questiona a retórica de Trump e suas críticas à estratégia de Powell. Foi acusado de frear a economia. O próprio presidente do Fed antecipou, de qualquer forma, que o crescimento diminuirá.

A atenção, portanto, está em entender quando a Reserva Federal agirá. Jerome Powell diz se sentir confortável onde está. A última pesquisa interna publicada em março indicou que a maioria dos membros era partidária de deixar as coisas como estão e não aumentar os juros. Viam um novo aumento para o começo de 2020. O que por enquanto está descartado é um corte preventivo.

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