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O menino de 11 anos que já programou mais de 100 videogames

Antonio García Vicente desenvolve tarefas dadas por seus professores e desafios do Clube de Jovens Programadores de uma universidade espanhola

Isabel Rubio
Antonio García Vicente, de 11 anos, posa com o computador no qual programa.
Antonio García Vicente, de 11 anos, posa com o computador no qual programa.víctor sainz
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Quando Antonio García Vicente (Valladolid, 2007) tinha apenas seis anos, ingressou no Clube de Jovens Programadores da Universidade de Valladolid (200 quilômetros a noroeste de Madri). Aos oito, apresentou sua primeira palestra Ted, intitulada Programar para aprender sem limites. Agora, aos 11, afirma sem sombra de dúvida que “programar é um superpoder que lhe permite fazer o que você quiser”. Para ele, por exemplo, já serviu para criar mais de cem videogames.

“O que mais eu gosto no mundo são meus dois hobbies: um é programar, e o outro é o futebol”, conta Antonio. Ele vive em Villanubla, um pequeno povoado nos arredores de Valladolid, onde, quando faz muito frio no inverno, ele passa as tardes programando. “Eu gosto dos videogames como qualquer criança, mas também gosto de saber como são feitos e criar os meus próprios. Claro que não serão tão profissionais como um FIFA, mas já criei um projeto em que vários jogadores estão no mesmo campo e jogam uns contra os outros”, conta o espanhol. Também desenvolveu um jogo para conhecer os planetas do Sistema Solar, um jogo-da-velha e um título semelhante no concurso televisivo Boom!, sobre o Caminho de Santiago.

O primeiro contato de Antonio com a programação ocorreu aos seis anos. Foi com sua irmã Noelia ao Scratch Day, um evento na Universidade de Valladolid onde havia oficinas de programação com diversas linguagens. Assim como muitas outras crianças que se iniciam neste mundo, primeiro aprendeu Scratch. Depois continuou se formando com novas ferramentas e linguagens de programação, com as quais desenvolve seus projetos e aplicativos para celular. Já tem noções do App Inventor, montador, App Lab e Arduino. Estas duas últimas plataformas são suas favoritas, porque lhe permitem “manipular coisas físicas”: “Com o App Lab você pode fazer um aplicativo para o celular, e com o Arduino pode operar sensores de umidade, fazer semáforos, botões, joysticks…”.

Integrantes do Clube de Programação de El Páramo de Villanubla.
Integrantes do Clube de Programação de El Páramo de Villanubla.

Os jogos que Antonio desenvolve às vezes são desafios propostos no Clube de Jovens Programadores ou tarefas passadas por professores. Às vezes, prefere que tratem dos assuntos que está estudando no colégio. O primeiro que criou, com sete anos, serviu para aprender com seus colegas sobre os ossos do corpo humano. “Percebi que a programação podia ser usada para estudar de forma mais divertida”, diz.

Ele e sua irmã transmitiram aos seus colegas a paixão por desenvolver games. Juntos criaram no colégio o Clube de Programação de El Páramo de Villanubla. Começaram com 10 crianças, e agora já são 54, com idades entre 6 e 15 anos. “O melhor é a sensação que você tem quando consegue que algo funcione, é incrível”, afirma Antonio.

Quando começar a programar

Para ele, a melhor idade para começar a programar é aos seis anos: “Como você ainda não sabe muito, é mais fácil aprender coisas novas”, argumenta. “As pessoas imaginam que uma criança que programa está o tempo todo em casa no computador, trancada no quarto, mas não é assim. Há plataformas de programação, como o Scratch, em que você pode compartilhar as criações e comentá-las”, explica.

Além de criar seus próprios jogos, a programação permite que as crianças adquiram novos conhecimentos – como saber, por exemplo, o que é uma variável, ou conceitos relacionados com a física e a matemática. “Quando comecei a programar, uma das instruções que encontrei era ‘girar 90 graus’. Eu ainda não tinha aprendido no colégio o que eram os graus.”

Antonio acha que seria importante que todas as crianças cursassem uma disciplina obrigatória de programação. “Os empregos estão mudando, e cada vez se necessita de mais gente com pensamento computacional. Se no futuro serão necessárias pessoas com conhecimentos de programação, acho que deveríamos receber aulas para estarmos preparados”, reflete.

Quando crescer, gostaria de ser goleiro de futebol. “Como sei que é muito difícil, e que mesmo que consiga a carreira acaba logo, depois quero ser inventor. Tenho um projeto na cabeça para acabar com a poluição, mas preciso estudar para poder realizá-lo”, conta. No momento, Antonio prefere manter seu projeto em segredo, mas afirma que para desenvolvê-lo precisaria estudar Física e Química. “Também gostaria de fazer Engenharia Informática para aprender todas as linguagens de programação que puder. Para mim, programar é divertido, é corajoso, é um desafio.”

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