“Isso tem de parar”: Ellen Page e sua irritação com a homofobia dos políticos
Viralizam as declarações da atriz no programa de Stephen Colbert. Ela denunciava as agressões sofridas pela comunidade LGBTQI
Afastando-se cada vez mais da reação morna de Ellen DeGeneres (e sua polêmica tentativa de redimir os comentários homofóbicos de Kevin Hart sem que este pedisse perdão por fazê-los em sua conta no Twitter), uma nova Ellen está assumindo o perfil ativista mais forte de Hollywood em favor dos direitos da comunidade LGBTQI. Foi o que ela demonstrou quinta-feira no programa de Stephen Colbert na televisão norte-americana, quando se emocionou ao defender sua irritação com os discursos homofóbicos dos políticos. “Liguem os pontos. O que acontece é isto: se você está em uma posição de poder, odeia as pessoas, quer fazê-las sofrer e passa sua carreira tentando causar sofrimento, o que acha que vai acontecer? Crianças vão sofrer abusos e vão acabar se suicidando. Pessoas vão ser espancadas nas ruas”, afirmou, em referência ao ataque racista e homofóbico que Jussie Smollett sofreu esta semana — quando dois homens espancaram o ator da série Empire, puseram-lhe uma corda no pescoço e o encharcaram com água sanitária. O ator teve uma costela quebrada e foi hospitalizado.
“Viajei pelo mundo e conheci as pessoas mais marginalizadas que você poderia conhecer”, disse a atriz no programa, referindo-se à série que apresentou, Gaycation. “Tenho muita sorte de ter o privilégio de poder dizer isto na televisão. Isso tem de parar de uma vez por todas.” Page atribui o aumento da violência às políticas e discursos de ódio de políticos como o vice-presidente norte-americano Mike Pence, ex-governador de Indiana, contrário à igualdade de direitos da comunidade LGBTQI. “Ele quis proibir o casamento igualitário em Indiana. Acredita nas terapias de conversão. Prejudicou muito as pessoas da comunidade”, assinalou no programa.
Casada desde janeiro de 2018 com Emma Portner, não é a primeira vez que Page defende os direitos da comunidade. A atriz saiu do armário em 2014, na Conferência dos Direitos Humanos, e impulsionou um debate sobre a visibilidade das lésbicas na esfera pública. Diante de celebridades que evitam falar do assunto alegando invasão de privacidade e perseguição, Page denunciou “a mentira por omissão”, ou seja, se uma mulher conhecida publicamente não manifesta sua homossexualidade, presume-se que ela não é homossexual.
.@EllenPage is fed up with leaders who promote hatred and intolerance. #LSSC pic.twitter.com/apxXzye5SF
— The Late Show (@colbertlateshow) February 1, 2019
Há alguns meses, um vídeo de sua série documental viralizou por incluir a entrevista que Page com o hoje presidente Jair Bolsonaro. Em Gaycation, Page revela as histórias de pessoas relacionadas com a comunidade LGBTI. Elas falam de sua vida e das dificuldades de ser LGBTI em países como Ucrânia, Japão, Estados Unidos, Jamaica ou França. Quando visitou o Brasil, muito antes da campanha de Bolsonaro à presidência, Page fez uma entrevista tensa com ele. “Li uma declaração sua dizendo que as pessoas deveriam expulsar na porrada o gay que existe em seus filhos. Sou gay e lhe pergunto: eu deveria ter apanhado quando era criança para que não fosse gay?”, pergunta a atriz no vídeo. “Não vou olhar para você e pensar: ‘Acho que você é gay’. Você é linda. Se fosse um cadete da academia militar e te visse na rua, assobiaria”, responde Bolsonaro, sorridente. Na quinta-feira, a atriz aproveitou sua visibilidade para denunciar, mais uma vez, as consequências dos discursos de ódio feitos nos palanques políticos.
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