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Entrevista de Bolsonaro a Ellen Page sobre homofobia viraliza no exterior

A atriz e ativista LGTBI+ entrevistou o político em 2016 por causa de suas polêmicas declarações sobre a homossexualidade

Almudena Barragán

Um encontro entre a atriz Ellen Page (Juno, Inception, Tallullah) e Jair Bolsonaro em 2016 voltou a se popularizar nas redes sociais. O protagonista da entrevista pode se tornar presidente do Brasil nas próximas semanas —se ganhar o segundo turno em 28 de outubro, depois de ter conquistado 46% dos votos no primeiro—, embora se mostre como uma pessoa abertamente racista, homofóbica, machista e sexista. Em menos de um dia desde 11 de outubro, o vídeo compartilhado pela socióloga argentina Victoria Freire teve mais de 300.000 visualizações no Facebook e quase 400.000 no Twitter.

"Recomendo esta entrevista de Ellen Page a Bolsonaro, o candidato fascista do Brasil. Sem nenhum pudor e com total naturalidade, mostra sua homofobia e misoginia".

A entrevista feita por Page faz parte da série de documentários chamada Gaycation, uma produção da Vice transmitida pela National Geographic, que explora a cultura LGBTI+ em diferentes partes do mundo. Apresenta histórias de pessoas relacionadas a essa comunidade, que falam sobre suas vidas e as dificuldades de ser LGBTI+ em países como Ucrânia, Japão, Estados Unidos, Jamaica ou França. Assista aqui à entrevista completa (a partir do minuto 26).

Conhecido por suas declarações polêmicas e abertamente violentas sobre os homossexuais, Jair Bolsonaro já afirmou que preferiria que seu filho morresse a que fosse gay. “Será interessante ter uma discussão honesta para entender por que é tão difícil para ele aceitar pessoas LGBTI+”, diz Page para a câmera antes de entrar no escritório do político.

“Li uma declaração sua dizendo que as pessoas deveriam tirar o gay que existe em seus filhos na porrada. Eu sou gay e pergunto: deveria ter apanhado quando era criança para que não fosse gay?”, diz Page a Bolsonaro .

“Eu não vou olhar para a tua cara e falar 'acho que você é gay'. Mas também não me interessa. [Você é] muito simpática. Se eu fosse um cadete da Academia das Agulhas Negras e te encontrasse na rua, eu ia assobiar para você. Tá ok? Muito bonita”, diz Bolsonaro sorrindo. “Me acusam de ser um grande homofóbico e estão equivocados. Minha luta sempre foi e será contra a distribuição de material LGTBI+ nas escolas para crianças com mais de 6 anos”, acrescenta o brasileiro em outro momento da entrevista. O que o presidenciável chama pejorativamente de "kit gay" diz respeito, na verdade, ao material didático Escola Sem Homofobia, uma cartilha impressa e audiovisual cujo principal objetivo é promover “valores de respeito à paz e à não-discriminação por orientação sexual”.

No tenso encontro com Page, as afirmações homofóbicas continuam. “Eu acredito que grande parte dos gays é comportamental. Quando eu era jovem, falando em percentual, existiam poucos [gays]. Com o passar do tempo, com as liberalidades, drogas, a mulher também trabalhando, aumentou-se bastante o número de homossexuais, diz o candidato.

"A cara da Ellen Page escutando Bolsonaro diz tudo".

“Costumo dizer também que se um filho começa a andar com certas pessoas, que têm certos comportamentos, ele vai ter aquele tipo de comportamento. Vai achar que é normal”, diz Bolsonaro. “Acho que é esse o ponto. O senhor vê isso como algo anormal”, responde Ellen Page. “Diz que deveriam bater nos filhos gays e que prefere um filho morto em vez de homossexual”, espeta.

O ultradireitista se defende sem responder ao comentário da atriz. “Quando um filho está muito violento - novo, né? - dando um corretivo nele, ele deixa de ser violento. Por que o contrário não vale? Agora, de você estimular desde criança, mostrar que 'é normal isso, normal aquilo', seja lá o que for normal, a criança vai praticar aquilo”, acrescenta também o ex-militar. “Bolsonaro é um político com grande poder e influência”, diz Page na série. “É devastador saber que alguém com tanta influência tenha tanto desdém pela comunidade queer”, lamenta.

Depois de obter 46% dos votos no primeiro turno, Bolsonaro se apresenta como o candidato mais forte no segundo. Apesar disso, um grande grupo da sociedade se manifestou contra ele e o retrocesso de liberdades que representa. Um exemplo disso é o movimento #EleNão, que reuniu centenas de milhares de pessoas, principalmente mulheres, nas ruas.

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