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Resgate de menino em poço na Espanha prossegue com engenharia humanitária

Equipe com 13 técnicos trabalha dia e noite no local para superar os obstáculos encontrados

Equipes de resgate trabalham nesta terça-feira em Totalán (sul da Espanha) para encontrar Julen.
Equipes de resgate trabalham nesta terça-feira em Totalán (sul da Espanha) para encontrar Julen.PACO PUENTES
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Busca por menino que caiu em poço mobiliza e comove a Espanha
O trabalho de resgate, em imagens (texto em espanhol)

Na segunda-feira, 14 de janeiro, ao comprovar que seria impossível absorver a terra que impedia a passagem no poço onde o menino Julen caíra na véspera, um membro da Guarda Civil espanhola entrou em contato com o Colégio de Engenheiros de Estradas, Canais e Portos, um órgão que reúne profissionais dessa categoria. Emergiu então a figura de Ángel García Vidal, diretor regional do Colégio em Málaga (sul da Espanha), que após inspecionar o buraco de Totalán, verificando que seria impossível levar máquinas pesadas ao local, e que se tratava de um terreno complexo, sem estudo geológico prévio, fez a declaração que marca a ainda inacabada operação para tentar salvar o garoto: “Isto não é uma operação de resgate, e sim uma obra de engenharia civil humanitária”.

Uma operação, faltou dizer, quase sem precedentes na Espanha, e que tem o envolvimento de centenas de pessoas e dezenas de empresas, com capital público e privado para executar obras que, em condições normais, levariam meses. Esboços, desenhos, gráficos, telefonemas a empresas e especialistas de todo o tipo e várias reuniões diárias estão por trás de cada movimento de operários e máquinas sobre o terreno.

García Vidal se cercou de uma equipe de engenheiros de confiança: Francisco Javier Cañada Ruiz, Mauricio Delgado Duarte, José Vicente Fossi Armijo, Jorge Gil Muñoz, José Luis Gómez Vargas, Antonio Moreno Sánchez e Mario Muñoz-Atanet Sánchez. Junto deles trabalham um diretor técnico do governo regional da Andaluzia, Antonio Nieto, e outros quatro engenheiros da sua confiança.

Na quarta-feira, eles foram visitados pelo diretor do Colégio de Engenheiros de Estradas na Andaluzia, Luis Moral Ordóñez, que depois lhes dedicou algumas palavras no site da instituição: “Estão voltados sem descanso para a busca de soluções técnicas para acessar o poço onde se supõe que o menino caiu (…). Queremos reconhecer seu elogiável trabalho, seu trabalho desinteressado, sua dedicação incansável nesta intervenção de urgência”.

Todos eles delegaram as funções de porta-voz a García Vidal. “É um desses momentos em que ninguém gosta de assumir a responsabilidade da liderança, mas é onde se mede a grandeza do ser humano”, escreveu no Facebook um amigo dele, Félix Martín; García Vidal compartilhou o elogio e o estendeu às 300 pessoas que participam da operação de busca de Julen: “Estão dando tudo de si”.

Além de representante do Colégio de Engenheiros de Estadas, Canais e Portos, o engenheiro é desde 2007 o diretor-gerente de uma consultoria, a Avanza Ingenería. Seus colegas engenheiros estão incomodados com a expectativa: entendem-na, mas evitam os microfones e telefonemas, e preferem se manter isolados. Ele, entretanto, às vezes precisou descer duas vezes no mesmo dia, frequentemente em horas inoportunas, para dar explicações sobre a obra mais noticiada e angustiosa da Espanha.

Os engenheiros recebem pelas redes sociais dezenas de mensagens de ânimo vindas da Espanha e América Latina, como a dos mineiros da Brigada de Salvamento. Mas também há julgamentos e críticas ao seu desempenho profissional, num país onde, se como se diz popularmente, todos são treinadores de futebol e, por que não, também engenheiros especializados em perfurações.

“Julen já é filho de todos”, disse García Vidal em sua declaração mais sentida, surpreendente em se tratando de um técnico. Mas, assim como Julián Moreno, chefe dos Bombeiros da província de Málaga, a fé em que o menino continue vivo os obriga a não desanimar, apesar das contínuas adversidades, a última delas recebida nesta terça-feira, quando se soube que a perfuração teria que continuar porque não era possível encaixar o último dos tubos que protegeriam o novo poço, garantindo assim a segurança dos mineiros.

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