Ano Novo, vida nova? Resoluções para compartilhar com as crianças
Jogo, flexibilidade, positividade e empatia são fundamentais para propor e compartilhar resoluções com as crianças no caminho do ano que começa
A mudança de ano costuma ser tomada como ponto de partida para abrir caminhos que ficaram pendentes. Os clássicos para os adultos são deixar de fumar, praticar mais esporte e aprender línguas estrangeiras; mas, e as crianças? É aconselhável fazer uma lista de resoluções com elas antes do novo ano? Sim, desde que isso seja encarado como um jogo; de maneira positiva e flexível.
As crianças, especialmente aquelas com menos de sete anos, têm um conceito de tempo diferente do dos adultos, por isso é aconselhável fazer resoluções com elas “a prazo muito curto, porque nessa idade o tempo é eterno e a noção de semanas e meses é confusa; demasiado inacessível. A partir dessa idade é viável propor às crianças conquistas a conseguir no novo ano”, explica Tristana Suárez, psicóloga clínica e infantil e Gestalt-terapeuta.
No entanto, as propostas devem ser isentas de pressões e exigências; apresentadas como questões solidárias e comprometidas com assuntos como o cuidado com o planeta para fazer uso responsável do consumo de água ou “conquistas empolgantes como economizar para uma excursão, fazer uma viagem juntos, aprender a cozinhar algo gostoso, fazer um belo enfeite para decorar a casa ou aprender um novo esporte. Ou seja, metas realistas para evitar frustrações desnecessárias que desestimulem a criança”, diz Suárez, que também recomenda flexibilidade e brevidade (em torno de três ideias) em relação às resoluções de ano novo, para que os prazos possam ser revistos e ampliados para que sejam cumpridas.
“A ideia seria fazer um compromisso mais consigo mesmo do que com os outros. As crianças já têm pressões externas demais para atender, então é melhor não sobrecarregar as cabeças e nem as agendas das crianças. Ao acabar o ano, convém avaliar e retomar o que aconteceu com essas resoluções, mas principalmente o que conseguimos e como foi o processo para alcançá-lo, como esforço, dificuldades, altos e baixos, surpresas e desejos”, lembra Suárez.
Resoluções para o novo ano compartilhadas entre pais e filhos
A melhor coisa de propor novas resoluções em relação ao novo ciclo anual é olhar para trás e aproveitar o que foi aprendido, apreciado e percorrido. “O ano novo é sempre considerado como um ponto de inflexão no qual somos convidados a parar ou diretamente nos surge de maneira espontânea refletir sobre as mudanças que desejamos fazer, desejos ou novas resoluções. Por esse motivo, seria um bom momento para abordar esses desejos em função da relação que gostaríamos de ter com os nossos filhos. Isso, inevitavelmente, nos obriga a tomar consciência do ponto em que estamos atualmente na maneira que temos de estar e ser com eles e colocar o foco em possíveis carências e dificuldades, bem como na forma como gostaríamos de alimentar esse relacionamento, para a partir daí avaliar o que podemos aportar ou reforçar”, afirma Yasmina Rodríguez, psicoterapeuta infantil, de adolescentes e adultos.
A desculpa da entrada no novo ano pode ser uma boa oportunidade para “nos sentarmos com os nossos filhos, ouvi-los e gerar mudanças, focadas no relacionamento com eles. Dar-lhes voz, para que expressem o que necessitam de nós. Quando você dá voz à criança, só aparecem dois únicos desejos, o tempo e o jogo, para serem compartilhados. Por tempo, eles não se referem a estar 10 minutos por dia com eles no final do nosso dia de trabalho. Implica estar e isso está relacionado à nossa atenção, presença e escuta. Nessa pequena lista de desejos dos nossos filhos é importante ouvir sem interromper, recebendo com amor e gratidão o belo presente que eles nos fazem e que podemos valorizar, talvez com o tempo, como um presente de crescimento em nossa difícil tarefa como pais, algo que contribui e acrescenta na relação com eles”.
A expressão oral das emoções das crianças a terceiros nem sempre é fácil para elas, se não estiverem acostumadas a fazê-lo por diferentes circunstâncias. “Uma maneira de facilitar essa comunicação emocional seria, em vez de usar o caminho da palavra, empregar algum meio menos direto, como uma carta ou um desenho sobre suas novas resoluções para o novo ano. Pode-se ter presente de maneira visível em algum lugar da casa, para que a criança possa acrescentar ou corrigir algo que foi expresso anteriormente e também para que não caia no esquecimento. Essa oportunidade de poder acrescentar também ajuda na hora de dotar nossos desejos de capacidade de movimento; eles podem ser alterados e não são estáticos. Assim, se ajuda a família a tomar consciência desses desejos, que ganham um lugar de importância e transcendência”, aconselha psicoterapeuta Yasmina Rodríguez, que aponta sua própria resolução para o novo ano: “Oxalá que nos permita tomar consciência das necessidades emocionais dos nossos filhos, seja na forma de objetivos e resoluções ou, simplesmente, parando alguns momentos para sentir o que eles necessitam de nós como adultos”.
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