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Dois ativistas do MST são assassinados em um acampamento na Paraíba

Fontes policiais trabalham com a hipótese de execução em crime praticado a dois dias da comemoração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra durante protesto em Brasília
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra durante protesto em BrasíliaJosé Cruz (Agência Brasil)
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Dois ativistas do Movimento dos Sem Terra (MST) foram mortos a tiros em um acampamento que a organização montou em uma fazenda ocupada há cerca de dois anos na Paraíba. O incidente ocorreu neste sábado no Acampamento Dom José Maria Pires, localizado nos arredores da cidade de Alhandra, a quase 50 quilômetros da capital João Pessoa. Testemunhas relataram às autoridades policiais que vários homens mascarados fizeram os disparos.

A polícia indicou que, de acordo com as primeiras investigações, foram usadas espingardas calibres 12 e 26 e um revólver calibre 38. Os mortos foram identificados como Rodrigo Celestino e José Bernardo da Silva. A delegada Lídia Veloso, responsável pelo caso, disse que a primeira hipótese aponta para uma "execução" porque os assassinos, ao chegarem ao acampamento, se dirigiram diretamente às duas vítimas, pediram que outras pessoas se afastassem e atiraram.

Segundo as testemunhas, "eles disseram que só queriam eles, mandaram os outros saírem do meio e atiraram". As vítimas José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando Bernardo, e Rodrigo Celestino. Orlando era irmão do coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba (MAB/PB), Osvaldo Bernardo,que já havia perdido outro irmão por execução em 2009. Foi a morte do primeiro irmão que levou Osvaldo a integrar o programa de proteção aos defensores dos direitos humanos.

"Agora, a dois dias da comemoração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), mais um irmão de Osvaldo é assassinado, fato que preocupa diante do contexto sombrio de violência contra os movimentos sociais e demonstra quão distante ainda estamos da efetivação dos direitos garantidos pela Declaração", disse a Procuradoria Geral da República, em nota na qual presta solidariedade às vítimas e reitera esforços para identificar os responsáveis pelo crime deste sábado.

O MST é uma das organizações camponesas mais ativas do país e mantém centenas de ocupações em quase todo o território nacional, num movimento em prol da reforma agrária. O ultradireitista Jair Bolsonaro, presidente eleito do Brasil, que assumirá o cargo em janeiro, anunciou a sua decisão de enquadrar estas ocupações como atos de "terrorismo", bem como as promovidas em áreas urbanas pelo Movimento dos Sem-Teto, outra organização militante da esquerda. Para isso, Bolsonaro disse que vai propor uma reforma da lei antiterrorismo, o que deixa a decisão final sobre o assunto nas mãos do Congresso, também renovado nas eleições de outubro passado e que tomará posse em fevereiro de 2019.

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