Por que Jorja Smith é a Lauryn Hill da nova geração
Ela exalta a força das mulheres e se posiciona com entusiasmo ao falar de conflitos raciais
Há três anos Jorja Smith era uma total desconhecida que vivia com a tia e o tio em Londres, trabalhava na Starbucks e no tempo livre escrevia canções. Agora faz shows com entradas esgotadas, ganhou o Prêmio da Crítica Britânica 2018, o Brit Awards. e a crítica diz que é a sucessora de Lauryn Hill. Como aconteceu com a norte-americana há 20 anos com sua estreia, The Miseducation of Lauryn Hill, o primeiro álbum de Jorja Smith, Lost & Found, é considerado um dos lançamentos do ano. Com uma mistura de soul, R & B, dancehall e jazz – ela diz que não gosta de rótulos, apenas "soa como Jorja"–, a artista se destaca, como Hill na sua época, por seu ativismo e letras carregadas de mensagens. Além disso, como enfatizou em uma entrevista a The Fader, elas também coincidem em ser de Gêmeos.
Tudo começou em 2016, quando lançou um single, Blue Lights, que já se tornou um hino contra a violência policial e foi cantado na manifestação pró Black Lives Matter, em Birmingham. Smith nasceu muito próximo dessa cidade britânica, em Walsall, uma localidade de passado industrial em West Midlands, em decadência após o término da mineração e conhecida pela fabricação de produtos de couro (dali saem, por exemplo, as bolsas da rainha da Inglaterra). Seu pai, de origem jamaicana, tinha um grupo de neo soul. Foi ele quem, a conscientizou, desde menina, sobre as implicações de ser mestiça. "Meu pai costumava me dizer 'você não é branca. Você é negra’. Eu sou uma mestiça e ele dizia: 'Você nunca será branca', algo que é verdade. Se houvesse uma guerra racial, os brancos não me aceitariam", disse ela em entrevista a The Cut. Foi ele também que a encorajou a começar a tocar piano e oboé desde criança. Com 15 anos Jorja cantava versões que postava no YouTube, e assim foi descoberta por seu empresário, em uma gravação em sua sala de Too Close, de Alex Clare.
Antes de gravar o primeiro disco já havia atuado com Drake e Bruno Mars
Lost & Found, seu álbum de estreia, foi gravado em junho de 2018 e mereceu todo tipo de elogio. Mas, antes deste lançamento, Jorja Smith já havia forjado uma carreira. Os quatro temas que lançou em novembro de 2016 sob o título Project 11 chegaram aos ouvidos de Drake, que a chamou para colaborar em mixtapeMoreLife (nas faixas Get It Together e Jorja Interlude). Depois de dividir o palco com o rapper e produtor canadense, Bruno Mars a contratou para o ato de abertura de sua turnê mundial Magic World Tour 2017. A trindade de gurus musicais rendidos a seu trabalho se completou em 2018, quando colaborou com Kendrick Lamar na canção I AM, da trilha sonora de Pantera Negra.
Desde que lançou seu disco não parou de fazer shows. Em meados deste ano atuou duas vezes na Espanha, no Primavera Sound de Barcelona e no DCode de Madri, e também participou de eventos transatlânticos, como o Coachella.
As marcas de moda a querem em seus eventos
Desde setembro de 2018 ela se tornou a estrela convidada nos desfiles e eventos das marcas de luxo. A semana de moda em Paris, realizada em outubro, onde as coleções da primavera-verão de 2019 foram exibidas, foi sua outra grande estreia, desta vez no mundo da moda.
Pisou na areia da praia fictícia onde a Chanel exibiu sua nova coleção, convivendo com artistas como Pharrell Williams e convidados como Pamela Anderson e Vanessa Paradis. E também participou do desfile da Gucci na capital francesa, se apresentou no jantar da Bulgari durante a semana da moda de Paris e, neste mês participou da festa pré-Natal da Tiffany & Co. , em Londres. Além disso, é a nova imagem da Nike Air Force.
É uma defensora do poder feminino
Sua nova campanha com a Nike, sob o slogan The Force is Female, reforça isso. Ela sempre declara sua admiração por outras mulheres artistas, como Amy Winehouse e Sade. Não esconde suas curvas (reconheceu que na escola era motivo de piada por ter lábios grandes e não ser branca e magra) e se orgulha de ter amigas ativistas pró-diversidade na indústria da moda, como a top Paloma Elsesser.
Em 8 de marco de 2017 deixou claro, com uma firme declaração de intenções, que a mensagem de seus temas é fundamental para ela: naquele dia mostrou Beautiful Little Fools, uma canção inspirada por O Grande Gatsby. No romance de Francis Scott Fitzgerald, a personagem principal, Daisy Buchanan, quer que sua filha seja "uma bela e pequena boba", ao que Smith responde em sua canção: "Onde está a raça feminina? Onde estão essas chamadas mulheres independentes?
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