_
_
_
_
_

Trump ameaça “punição severa” se Riad estiver por trás de sumiço de jornalista

“Vamos chegar ao fundo da questão”, disse o presidente norte-americano à CBS sobre o desaparecimento do jornalista saudita

Pablo Guimón
Trump no Salão Oval na quinta-feira passada.
Trump no Salão Oval na quinta-feira passada.Evan Vucci (AP)

Donald Trump elevou consideravelmente o tom na crise iniciada com o desaparecimento do jornalista Jamal Khashoggi, que qualificou de “realmente terrível e asqueroso”. O presidente prometeu uma “punição severa” à Arábia Saudita se os Estados Unidos confirmarem que foram agentes sauditas que mataram o colunista do The Washington Post.

Mais informações
Turquia tem provas do assassinato de jornalista saudita
Um Apple Watch, um jato particular e alguns vídeos: as últimas pistas sobre o jornalista Jamal Khashoggi
Clamor internacional pelo ataque no Iêmen que matou 40 crianças

“Bem, ninguém sabe ainda, mas provavelmente seremos capazes de averiguar. Está sendo investigado. E ficaríamos muito decepcionados e irritados se for o caso. Até o momento, estão negando, negando veementemente. Podem ter sido eles? Sim. Vamos até o fim disso e haverá uma punição severa”, disse Trump em entrevista televisiva à CBS, que será transmitida domingo à noite.

Khashoggi, de 59 anos, é cidadão saudita, mas vivia desde o ano passado nos EUA, para onde se mudou por temer por sua segurança como jornalista crítico do regime saudita. Em 2 de outubro passado, Khashoggi entrou no consultado saudita em Istambul para resolver um problema burocrático e nunca mais saiu. Desde então seu paradeiro é desconhecido.

As autoridades turcas, que disponibilizaram gravações de Khashoggi entrando no consulado, suspeitam que foi assassinado por uma equipe de agentes sauditas, desmembrado com uma serra, e seus restos levados para fora da sede diplomática. Os serviços de inteligência norte-americanos interceptaram uma conversa de oficiais sauditas sobre uma operação para fazê-lo voltar à Arábia Saudita desde a Virgínia, onde morava, e detê-lo.

O regime saudita nega taxativamente as, em suas palavras, “falsas acusações”. “O que está circulando sobre supostas ordens de matar Jamal são mentiras e acusações sem base contra o Governo do reino, que está comprometido com os princípios, normas e tradições e cumpre as leis e convenções internacionais”, diz um comunicado oficial.

A Turquia confia que Washington pressione a Arábia Saudita para que ofereça mais informações sobre o paradeiro de Khashoggi. Na sexta-feira, o presidente Donald Trump disse que planejava falar com o rei Salman sobre o desaparecimento. “Vou ligar. Em algum momento vou ligar para o rei Salman”, disse aos jornalistas a caminho de um ato eleitoral em Ohio. “Muita gente está tentando saber o que houve, pois é uma situação potencialmente muito terrível”.

A crise pelo desaparecimento do jornalista é um episódio complicado para Trump, que reforçou nestes dois anos a relação com Riad, o maior aliado árabe dos EUA. O presidente evitou no passado críticas ao regime saudita por assuntos relacionados a direitos humanos. A Arábia Saudita foi o primeiro país que Trump visitou como presidente e seu genro e assessor, Jared Kushner, mantém uma relação muito próxima com o príncipe herdeiro saudita Mohamed in Salman.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_