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Polícia investiga denúncia de agressão com canivete a jovem com camisa “ele não”

Vítima, de 19 anos, também levava uma bandeira LGBT na mochila e foi atacada por três homens

Imagem do ferimento feito no corpo da vítima.
Imagem do ferimento feito no corpo da vítima. Reprodução/Facebook

O clima de ódio que tem marcado o período eleitoral fez mais uma vítima, desta vez em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, de acordo com informações da polícia. Uma jovem de 19 anos, que vestia uma camiseta com os dizeres Ele não, slogan contrário ao candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL), e levava uma bandeira do arco-íris na mochila, foi agredida por três homens na segunda-feira (08/10), por volta das 19h30. Segundo o boletim de ocorrência, ao qual o EL PAÍS teve acesso, a agressão ocorreu na Rua Baronesa de Guaraíva, no bairro Cidade Baixa, descrita pela Secretaria de Segurança Pública do Porto Alegre, que confirma o crime, como "uma região boêmia da cidade, bastante movimentada". A polícia ainda tenta identificar os agressores.

A vítima denunciou o ocorrido na noite da terça-feira (09/10) e passou por um exame de corpo de delito. Ela declarou na 2ª D.P. que descia de um ônibus, a caminho de casa, quando foi abordada pelo trio e questionada sobre o uso da camiseta. Os homens, então, agrediram-na com socos e um deles usou um canivete para marcar a lateral de sua barriga com um símbolo parecido a uma suástica. "Ela foi agredida, humilhada no meio da rua (...) Dois homens seguraram seus braços, enquanto o terceiro cravava uma suástica na sua costela", relatou a jornalista Ady Ferrer no Facebook, onde o caso ganhou grande repercussão —foram mais de 10.000 compartilhamentos em três horas—. De Ferrer afirma que a jovem encontra-se muito abalada, não quer falar com a imprensa e está tomando calmantes.

A pedido do EL PAÍS, a Secretaria de Segurança Pública analisou as imagens das câmaras de segurança da rua, mas afirmou que não encontraram gravações do momento da agressão. O caso está sob responsabilidade do delegado Paulo Cesar Jardim, especialista em crimes neonazistas. Jardim não acredita que o crime tenha sido cometido por indivíduos vinculados a grupos neonazistas, já que a suástica foi feita ao contrário. "Os agressores provavelmente são pessoas sem conhecimento dessa simbologia", disse Jardim, que pretende ouvir a vítima nos próximos dias, quando esta estiver "menos abalada".

Reações

Questionado por jornalistas, Bolsonaro afirmou, na noite de terça-feira, lamentar episódios de violência como esse e espera que não voltem a acontecer. Ainda assim, o presidenciável considera que o clima "não está tão bélico assim" e que os casos ocorridos até agora são isolados.

Seu adversário político, Fernando Haddad (PT), utilizou as redes sociais nesta quarta-feira para condenar a agressão sofrida pela jovem gaúcha. "Essa escalada de violência tem que ter fim. Estamos recebendo denúncia de atos violentos em todo o país", escreveu ele.

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