Moro libera delação onde Palocci diz que Lula sabia de corrupção na Petrobras
Ex-homem forte de Governo Lula deu as declarações em abril e fechou acordo de colaboração com a PF. Divulgação, a menos de uma semana de primeiro turno, é revés para Haddad
O juiz Sergio Moro tornou público nesta segunda-feira partes da delação premiada na qual o ex-ministro da Fazenda petista Antonio Palocci afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia dos esquemas de corrupção para desviar verba da Petrobras para o PT. A divulgação, a menos de uma semana do primeiro turno, joga uma bomba no comitê de campanha de Fernando Haddad. No depoimento feito por Palocci à Polícia Federal em abril deste ano, há acusações variadas: as campanhas presidenciais do partido em 2010 e 2014 custaram na verdade, ele diz, 1,4 bilhão de reais, um valor bem acima do declarado à Justiça Eleitoral; houve algum tipo de propina em 90% das medidas provisórias editadas pelos governos Lula e Dilma Rousseff; e a exploração do pré-sal foi desenhada "para garantir o futuro político do país e do Partido dos Trabalhadores."
Ex-homem de confiança de Lula diz em um trecho: “O então presidente da República foi expresso ao solicitar do então presidente da Petrobras que encomendasse a construção de 40 sondas" para a exploração da reserva de petróleo na camada profunda oceânica, uma das maiores descobertas da história da Petrobras. Palocci descreve que Lula sabia das nomeações de diretores da estatal e da partilha que os partidos da base aliada faziam dos cargos na empresa para usá-los como fonte de financiamento, base do esquema investigado pela Operação Lava Jato. "(Palocci) diz que não se tratava de divisão de grupos honestos e desonestos, sendo que houve desonestidade em toda a estrutura dentre todas suas lideranças (do PT)", diz o trecho do documento.
A decisão de Moro coloca o juiz de novo como personagem protagônico e controverso na crônica política. O juiz de Curitiba, que condenou Lula à prisão e ainda tem nas mãos casos envolvendo o petista detido desde abril, decidiu solicitar a delação de Palocci justamente para embasar essa ação contra o ex-presidente. “Examinando o seu conteúdo, não vislumbro riscos às investigações em outorgar-lhe publicidade”, escreveu o juiz em seu despacho.
Palocci está preso desde 2016, condenado a mais de 12 anos de detenção, também por corrupção, pelo próprio Moro. O ex-ministro de Lula tentou fechar um acordo de delação com a Força-Tarefa de procuradores da Operação Lava Jato no Paraná, mas não teve sucesso. Só quando o caso passou para a segunda instância, no Tribunal Regional Federal da Quarta Região, TRF-4, é que Palocci tentou mais uma vez a colaboração premiada, dessa vez negociando diretamente com a Polícia Federal, uma modalidade muito menos comum.
Contenção de danos
Com a divulgação das informações nesta tarde, o PT partiu para a operação de contenção de danos, principalmente para reduzir o impacto na campanha de Haddad. A principal estratégia é reforçar o argumento de que Moro agiria com fins políticos ao divulgar o conteúdo das declarações de Palocci a menos de uma semana do primeiro turno.
"Moro divulga para imprensa parte da delação de Palocci. Não podia deixar de participar do processo eleitoral! A ação política é da sua natureza como juiz. Vai tentar pela enésima vez destruir Lula. Tudo que consegue é a autodestruição", afirmou no Twitter a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann.
Internamente, a avaliação entre os assessores mais próximos de Haddad é que algum dano à candidatura do petista com a nova delação é inevitável. Isso porque ela deve ser utilizada por adversários em seus programas eleitorais. No entanto, eles lembram que durante todo o processo eleitoral a sigla tem utilizado o discurso de que Lula seria vítima de uma perseguição por parte de Moro e de membros do Ministério Público. Portanto, dizem, o impacto não deve ser grande. "Isso já está precificado", avalia um parlamentar da legenda.
A defesa do ex-presidente Lula, por sua vez, acusou Palocci de mentir em troca da redução da sua pena. "Palocci, por seu turno, mentiu mais uma vez, sem apresentar nenhuma prova, sobre Lula para obter generosos benefícios que vão da redução substancial de sua pena – 2/3 com a possibilidade de “perdão judicial” – e da manutenção de parte substancial dos valores encontrados em suas contas bancárias".
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