Lagarde: “Confio e rezo para que se chegue a um acordo sobre o ‘Brexit’”
FMI alerta que rompimento não negociado com a UE terá um custo maior para a economia britânica
![Rafa de Miguel](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/https%3A%2F%2Fs3.amazonaws.com%2Farc-authors%2Fprisa%2F543fee30-1196-4a9b-84a9-99dc0ce2947a.png?auth=617a3d44bee9f05cac9f72901355bdb26c411b61cbba95e1b34d4a3f3ac1165a&width=100&height=100&smart=true)
![A diretora do FMI, Christine Lagarde, nesta segunda-feira na Chancelaria do Tesouro do Reino Unido, em Londres](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/VDNKSWSIDYATE3G7GZIFDBMX64.jpg?auth=6f9924255f07a156f935064d812b07a97a1ecedc7ae8afb0d8bdcf3e71b40bbb&width=414)
O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu que uma saída desordenada da União Europeia terá “custos significativos” para a economia do Reino Unido, afetando em menor medida os demais países membros da UE. A diretora do FMI, Christine Lagarde, declarou nesta segunda-feira durante sua visita a Londres que “confia e reza” para que seja possível alcançar um acordo sobre o Brexit.
“Deixem-me ser clara”, afirmou Lagarde em seu pronunciamento ao lado do chanceler do Tesouro (ministro da Economia), Philip Hammond, “comparando com a suavidade com que hoje funciona o mercado único, qualquer cenário futuro previsto no Brexit terá custos para a economia do Reino Unido, e em menor medida para o resto da UE”. Lagarde na verdade ecoava as conclusões do relatório anual do FMI sobre a economia britânica, o qual previu que tudo pode piorar notavelmente se Londres e Bruxelas forem incapazes de selar um acordo de saída e um período de transição antes da data oficial da separação, em 29 de março do ano que vem.
O relatório do FMI baseia suas projeções na premissa de que se possa adotar “um amplo acordo comercial que alcance bens e alguns serviços, bem como um processo de transição relativamente suave em seguida”. Mesmo com essa hipótese, os custos para o Reino Unido seriam muito elevados, segundo o FMI, que prevê um crescimento econômico moderado, de apenas 1,5% para este ano e o próximo.
Não se trata de algo novo, mas o FMI deixa claro em seu relatório a mastodôntica tarefa em que o Governo de Theresa May embarcou. “O Reino Unido terá que destinar recursos humanos, físicos e tecnológicos ao seu sistema de alfândegas e a outros serviços, e substituir com agências domésticas as que já existem na UE. Além disso, o Governo deverá renegociar centenas de acordos internacionais bilaterais e multilaterais dos quais atualmente participa por ser membro da UE”, adverte o FMI.
Toda essa tarefa, para a qual o relatório do FMI e a própria Lagarde sugeriram que seria necessário um tempo extra, seria notavelmente mais complicada se Londres e Bruxelas não chegarem a um acordo que satisfaça ambas as partes.
A primeira-ministra May viaja nesta quarta-feira a Salzburgo (Áustria) para participar de uma cúpula informal de chefes de Estado e de Governo da UE. Lá espera convencer os colegas a aceitarem o seu chamado plano Chequers, aprovado no começo de julho pelo Governo do Reino Unido, como base para uma negociação que necessita desesperadamente levar a bom porto.