Trump faz novos ataques contra aliados na OTAN e chega a Londres em meio a protestos
No último dia da cúpula, líder norte-americano criticou Alemanha e Espanha por não gastarem o bastante
No último dia da da cúpula da OTAN, nesta quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alterou a agenda para voltar a criticar seus aliados pelo que entende como falta de gastos militares. Trump interrompeu uma reunião realizada pelos 29 chefes de Estado e de Governo aliados, além de Ucrânia e Geórgia, para voltar à única questão que merece sua atenção na Aliança: o investimento em defesa. O líder norte-americano interpelou diretamente a chanceler alemã, Angela Merkel —chamando-a de “Angela”— e também mencionou outros países, incluindo Espanha, França e Bélgica, segundo fontes diplomáticas. Mais tarde, chegou a Londres em meio a protestos, que incluíram uma sátira dele como um bebê inflável que sobrevoava o Parlamento britânico.
Os aliados que estavam na cúpula da OTAN ficaram gratamente surpresos com fato do jantar de quarta-feira ter transcorrido com muito mais harmonia do que se esperava. O magnata norte-americano comportou-se bem, com mensagens relativamente sóbrias e alusões à Coreia do Norte. Mas com a chegada da segunda sessão da cúpula, quase inteiramente dedicada às relações com os parceiros da Aliança, Trump voltou ao seu papel.
Depois que Merkel e o presidente da França, Emmanuel Macron, se pronunciaram sobre o assunto em pauta, as relações com a Ucrânia e a Geórgia, Trump tomou a palavra para retomar o assunto dos gastos. Os ataques contra seus aliados duraram aproximadamente 20 minutos. Nenhum dos dois respondeu porque já haviam falado. Mas quando o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, constatou que o debate ia para esse lado, completamente alheio à pauta do dia, pediu que ucranianos e georgianos se retirassem sala, onde permaneceram só os líderes aliados.
Depois de ouvir Trump, Stoltenberg lembrou que a questão dos gastos militares já havia sido abordada no dia anterior. Mesmo assim, a sessão foi suspensa para retornar a um formato reduzido.
Antes do fim da cúpula, Trump falou à imprensa para oferecer a sua visão particular das reuniões, “dois dias realmente incríveis”, após os quais “a OTAN é, agora, uma máquina bem ajustada. Está recebendo mais dinheiro do que nunca”. Trump garantiu que os aliados se comprometeram a respeitar os 2% do PIB dedicados aos gastos militares que prometeram oferecer em 2024 e que, "em última análise, 4% será o número correto". Tanto Stoltenberg quanto os outros líderes evitaram confirmar a cifra, o que Trump interpretou como um compromisso para o futuro.
Perdas e ganhos
Além de precisar esse número, Trump se enrolou na conta de lucros e perdas que ele tanto gosta. "A OTAN ajuda mais a Europa mais do que os Estados Unidos, mas também é útil para nós", disse ele, uma afirmação que destrói todo o relacionamento transatlântico construído após a Segunda Guerra Mundial. E como se ainda representasse interesses comerciais, tomou a liberdade de dizer que "os Estados Unidos fabricam, de longe, o melhor equipamento militar do mundo".
Perguntado se ele tinha ameaçado retirar os Estados Unidos da organização, Trump preferiu flertar com a ambiguidade: "Eu certamente poderia fazê-lo, mas é desnecessário porque as pessoas [os governantes] estão mais empenhadas do que nunca. Stoltenberg me agradeceu e outras pessoas que estavam na sala também". Com mensagens que misturavam o cômico e o grotesco, Trump parabenizou Stoltenberg "por seu trabalho fantástico" e acrescentou: "Agora, acabamos de te dar uma extensão de seu contrato".
O chefe da OTAN acabou defendendo que a organização ganhou força e união após essas discussões. Sem negar o confronto que levantado pelos EUA, Stoltenberg tentou procurar o ângulo positivo: "Essa discussão aberta e a mensagem clara de Trump estão tendo um impacto". O ex-primeiro ministro norueguês referiu-se ao aumento dos gastos militares que os países europeus aplicaram nos últimos anos para se aproximarem de 2%.
Chegada a Londres
A visita oficial de Trump, que se iniciou logo após a cúpula, despertou uma reação incomum no Reino Unido. Além da rejeição geral que o presidente produz em grandes setores da Europa, seus infelizes comentários após os ataques terroristas em Londres no ano passado, que levaram ao seu confronto dialético com o prefeito Sadiq Khan, ou o fato de que ele compartilhou no Twitter vídeos contra muçulmanos feitos por um grupo da extrema-direita britânica não ajudaram a melhorar sua reputação.
Ele foi recebido por um gigantesco bebê inflável, laranja e com cara de reclamão, sobrevoando o Parlamento Britânico. Um muro de som composto de música de mariachis e choro de crianças. Vans estacionadas ao lado do Palácio de Westminster traziam a mensagem "vá para casa". Protestos também ocorreram ao lado do Palácio de Blenheim, o local de nascimento de Winston Churchill em Oxfordshire, e na embaixada dos EUA em Londres.
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