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OTAN escolhe novo secretário-geral em meio ao conflito com a Rússia

O antigo primeiro-ministro da Noruega Jens Stoltenberg substituirá o dinamarquês Rasmussen no comando da Aliança do Atlântico

Lucía Abellán
Jens Stoltenberg, que foi primeiro-ministro norueguês, em junho passado.
Jens Stoltenberg, que foi primeiro-ministro norueguês, em junho passado.AP

Em meio ao estremecimento causado pela ameaça russa, os países membros da OTAN conseguiram entrar em acordo para nomear o novo secretário-geral da organização. O antigo primeiro-ministro norueguês Jens Stoltenberg substituirá o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen no próximo mês de outubro, segundo informou a Aliança do Atlântico em um breve comunicado.

Stoltenberg ocupou o cargo de primeiro-ministro na Noruega de 2005 até setembro passado (já desempenhou essa função em um breve período entre 2000 e 2001). Para suceder a Rasmussen, este trabalhista de 55 anos recebeu o apoio primordial dos Estados Unidos, Alemanha e do Reino Unido. Todos os demais países também respaldaram a sua eleição, formalizada hoje pelo Conselho do Atlântico Norte.

A nomeação de Stoltenberg, que não tomará posse até próximo dia primeiro de outubro, ocorre em um momento de mudança na OTAN. Depois de muitos anos centrada em missões exteriores, como a do Afeganistão (e, em muita menor medida, na Líbia em 2011), a organização volta a se ocupar das ameaças que pairam sobre alguns de seus países membros. A anexão da Crimeia à Rússia acendeu todos os alarmes dos aliados e está obrigando a propor uma série de medidas desconhecidas há muito tempo.

Durante seu mandato, iniciado em 2009, Rasmussen se caraterizou por uma retórica e por medidas muito moderadas, que só nas últimas semanas, desde a russificação da Crimeia, começaram a se intensificar. Depois do fim da Guerra dos Bálcãs, na qual a OTAN interveio decisivamente, esta organização adquiriu um perfil bem mais discreto, que coincidiu com uma etapa de fortes cortes orçamentários na área de defesa. A missão no Afeganistão, que foi encerrada neste ano, ficará como principal legado de Rasmussen na cúpula da organização.

A incógnita sobre o sucessor manteve-se o tempo suficiente para que Rasmussen, de 61 anos, recebesse nesta semana pela primeira vez uma visita em Bruxelas do presidente norte-americano, Barack Obama. Pouco antes dessa reunião, celebrada na passada quarta-feira, Obama aproveitou para elogiar o trabalho do presidente dinamarquês (também antigo primeiro-ministro de seu país) na Aliança do Atântico.

Por suas responsabilidades políticas anteriores e sua procedência nórdica, Stoltenberg apresenta um perfil muito similar ao de Rasmussen, embora procedam de distintos ramos políticos (o próximo secretário-geral, dos trabalhistas noruegueses e o atual, dos liberais). Com a presença de um norueguês, o comando da organização recai desta vez sobre um europeu alheio à União Europeia.

Dentro desta nova etapa de confrontação com a Rússia, a OTAN tem um encontro marcado na próxima semana, com a reunião dos ministros de Assuntos Exteriores dos países aliados, que devem decidir as medidas a ser adotadas para enfrentar esse desafio. Entre elas, o envio de tropas ao leste do continente para fazer frente a qualquer movimento inesperado por parte da Rússia.

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