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Oito coisas que você pensa que seu gato gosta, mas não gosta

É difícil entender um gato, esse rei da beleza e inexpressividade que tem seus próprios códigos. E frequentemente são radicalmente diferentes de outros animais domésticos

Um dos gatos mais famosos do cinema: Jones, de 'Alien' (Ridley Scott, 1979). Curiosamente, o alienígena atacava os humanos, mas não o felino.
Um dos gatos mais famosos do cinema: Jones, de 'Alien' (Ridley Scott, 1979). Curiosamente, o alienígena atacava os humanos, mas não o felino.Cordon Press
Guillermo Alonso
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A graça dos gatos é que são inexpressivos, indolentes e quase inalteráveis. Servem para expressar centenas de emoções, mas, possivelmente, nenhuma delas serve para construir uma história de ternura ou humor cálido.

É isso que amamos, nós que convivemos com gatos, mas também o que, às vezes, nos deixa loucos quando se trata de entendê-los. Por isso, fizemos uma lista de coisas que normalmente fazemos com nossos gatos, pensando que estamos agradando, mas, muitas vezes, apenas causam confusão e desgosto. Cuidado, isso não se aplica a todos os gatos. Pode ser que você conheça um desses estranhos espécimes que, por exemplo, amam a água. Existem gatos para tudo.

1. Acariciar a barriga

Não, o gato não é um cachorro. "Não é o lugar mais recomendado para acariciar um gato, embora haja exceções, como em tudo", diz Adriana Mármol, veterinária da clínica catfriendly Triavet, em Sant Cugat del Valles (Catalunha). "A área da barriga é muito vulnerável para um gato", acrescenta Belén Montoya, especialista da clínica veterinária Gattos, um centro exclusivo de saúde felina em Madri. "Muitos donos interpretam que o gato fica de barriga para cima para que seja tocada, e é totalmente o oposto: esta posição costuma manifestar excitação ou desejo de brincar, de modo que o resultado poderia ser uma mordida ou um arranhão", Montoya acrescenta.

2. Levá-los para ver o mundo

Sim, os gatos são animais curiosos, mas, para um animal doméstico que tenha suas necessidades satisfeitas, sair para a rua só causa estresse e confusão. "Todos já ouvimos falar de algum gato que é levado para passear na rua com seu peitoral e correia", diz Mármol. E acrescenta: "Isso existe, mas, para fazê-lo bem, teríamos que acostumá-lo desde cedo e realizar uma exposição gradual a todos os tipos de estímulos. Caso contrário, teríamos muitos problemas e submeteríamos o gato a um alto estresse que não vale a pena".

3. Comprar uma caixa de transporte macia, colorida e moderna

Vejamos: a caixa de transporte é para o gato, não para você. Não seja frívolo quando comprar um produto cujo uso (geralmente para viajar, ir ao veterinário ou para uma mudança) representa um nível importante de estresse para o seu amigo felino. "A maioria dos acessórios para animais é fabricada levando em conta o que o dono quer, e não o que o animal realmente precisa", diz Mármol. Montoya chega a recomendar que "a caixa de transporte esteja coberta, para que não receba olhares intimidadores de pessoas ou outros animais".

As caixas transportadoras mais recomendadas são aquelas que são duras, que têm uma base sobre a qual o gato pode se sentir estável. Há uma que está na moda e faz sucesso nas redes sociais: uma espécie de mochila contendo uma cúpula através da qual o gato pode ver o exterior. "É uma autêntica aberração do ponto de vista etológico", revela Mármol. "Os veterinários etólogos insistem muito nas características que uma transportadora adequada deve ter, e esta não atende a nenhum requisito."

4. O pedicure (mesmo que o dono goste)

E quando dizemos pedicure, sejamos claros, nos referimos a cortar periodicamente as unhas do gato e não arrancá-las, um ato cruel praticado por alguns donos que queriam viver com um bicho de pelúcia, e não com um animal com seus próprios hábitos e instintos. Aliás, a cirurgia de remoção das garras foi proibida pelo Congresso espanhol em março do ano passado.

Outra coisa é, como dizíamos, cortar as unhas do gato. Não é necessário para o seu bem-estar (e, de fato, para gatos que saem ao exterior não é recomendado, porque com unhas afiadas sobem em árvores e se defendem contra um possível inimigo). Com os gatos de interior, é uma boa maneira de proteger nossos sofás e nossos braços quando brincamos com eles. Dependendo do animal, cortar as unhas pode ser um ato mais ou menos simples, ou criar o inferno na terra. "Há gatos que não se incomodam muito e outros que, diretamente, devem ser sedados", explica Mármol. Montoya oferece estas dicas: "Podem ser enganados com comida ou aproveitar quando estiverem dormindo. E sempre usar um bom cortador de unhas que não as trinque e não cortar muito perto da base, algo que também poderia machucá-los (como quando cortamos uns milímetros a mais as nossas)".

5. Fazer amiguinhos

"O ancestral do gato é o Felis silvestris libyca: totalmente carnívoro, territorial (os territórios dos machos são até três vezes maiores do que os das fêmeas) e solitário", diz Mármol. Ficou claro, certo? Não é que os gatos sejam antissociais patológicos, é que suas formas de entender a sociedade são outras. "Geralmente, introduzir um novo gato em casa quando já existe outro vivendo antes lá há algum tempo não lhe agrada muito", continua a especialista. "Isso envolve muitos fatores, tais como quão territorial é nosso gato, seu caráter, idade, a quantidade e distribuição de recursos na casa, a existência de áreas seguras, o manejo do cuidador em relação aos gatos e, acima de tudo, a maneira pela qual um novo gato é introduzido na casa. E, se você pretende viver com dois, a melhor opção, sem dúvida, é adotá-los juntos quando ainda são novinhos."

6. Abraçá-los

"É normal que nós, como humanos, gostemos dessa forma de demonstrar afeto, mas os gatos têm outras maneiras de fazer isso", afirma Mármol. "Muitas vezes, podem interpretar os abraços como uma ameaça, já que se sentem encurralados, e respondem negativamente". Mas, novamente, como em outros casos, há gatos que toleram que seu dono os abrace e os imobilize.

7. Colocar um chocalho em seu gato

Era uma visão comum no passado, tanto que deu origem a uma frase popular: "Colocar o guizo no gato" (que, alguns dizem, tem sua origem em um poema de Lope de Vega). E alguns ainda podem lembrar de chocalhos em gatos de suas avós ou vizinhos de outra geração. E paramos por aqui. Por favor, nada de chocalhos. "O som constante é muito estressante para eles", diz Montoya, "e também não permite que estejam alertas, o que é algo necessário para um gato". Mármol também destaca que isso pode causar danos importantes ao animal: "O tilintar colado ao seu ouvido todos os dias pode não apenas afetar sua audição, mas também causar desconforto crônico." Montoya afirma que o uso do chocalho poderia ser permitido em um caso muito especial, como "gatos que vivem com uma pessoa cega e exista risco de pisar ou machucar o animal".

8. Os doces

Não, seu gato não é você e não considera as mesmas coisas saborosas (o que explica, por exemplo, que ele considere uma mosca ou uma aranha um manjar). No caso do doce, nem sequer estão adaptados para perceber esse sabor. Segundo Mármol, "seus receptores estão desativados, então esse sabor não deve interessá-los. Mas conheço um gato que enlouquece quando detecta alimentos com chocolate". Mais uma observação: "Nunca devemos dar chocolate aos nossos gatos e nem aos nossos cães, pode ser tóxico para eles". Curiosamente, de acordo com Montoya, para eles o sabor é amargo. Coisas de gatos.

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