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China promete aumentar importações de produtos dos EUA e atenua guerra comercial

Com medida, Pequim aceita reduzir o déficit comercial dos EUA, que foi de 375 bilhões de dólares (1,4 trilhão de reais) em 2017

J. M. AHRENS
O conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow.
O conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow.Carolyn Kaster (AP)

Os Estados Unidos e a China deram uma trégua em sua disputa comercial. Concentrados nas espinhosas negociações para a desnuclearização da Coreia do Norte, os gigantes decidiram diminuir a tensão no front tarifário e, após dois dias de intensas reuniões em Washington, divulgaram um comunicado conjunto em que Pequim aceita adotar medidas para reduzir o déficit comercial dos EUA, que foi de 375 bilhões de dólares (1,4 trilhão de reais) em 2017.

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“Para satisfazer as crescentes necessidades de consumo do povo chinês e de um desenvolvimento econômico de alta qualidade, a China aumentará suas compras de bens e serviços norte-americanos. Isso contribuirá para o crescimento e o emprego nos EUA. Ambas as partes acordaram incrementos substanciais nas exportações agrícolas e energéticas norte-americanas”, diz a nota.

Essa cessão não significa o fim dos conflitos. Apesar as boas intenções, EUA e China ainda não chegaram a um acordo sobre as cifras. E o pedido do diretor do Conselho Nacional de Economia, Larry Kudlow, de que a China aumente as importações dos EUA em 200 bilhões de dólares (748 bilhões de reais) tampouco foi aceita. Mais do que um armistício, o que se pactuou em Washington foram as condições para um acordo. O diálogo continua, e agora uma equipe de Donald Trump viajará a Pequim “para trabalhar nos detalhes”. “Ambas as partes concordaram em buscar a solução para as diferenças comerciais e econômicas de uma forma proativa”, afirma o comunicado.

A distensão chega dois meses depois de Trump iniciar a batalha. Em 23 de março passado, o presidente norte-americano ordenou a imposição de tarifas de 25% sobre as importações chinesas, num total de 60 bilhões de dólares (224 bilhões de reais). O argumento da Casa Branca para empreender a guerra comercial é bem conhecido. Trump considera que a China se aproveitou da abertura comercial dos EUA ao mesmo tempo em que fechava as portas aos seus produtos. Assim, enquanto a China destina 18% de suas exportações para os EUA (505 bilhões de dólares, ou 1,9 trilhão de reais), o gigante asiático só representa 8,4% das vendas ao exterior norte-americanas (130 bilhões de dólares, ou 486 bilhões de reais). O resultado é um déficit para os EUA de 375 bilhões de dólares (1,4 trilhão de reais). “O maior da história”, como diz Trump.

A investida tarifária dos EUA foi respondida em abril com outra similar de Pequim. Eram os primeiros compassos do que se esperava como uma disputa em escala planetária. Mas as superpotências, a julgar pelo pacto de Washington, decidiram evitar o sangue. Pequim admitiu o desequilíbrio e se mostrou disposto a aumentar as importações de produtos norte-americanos.

O chefe da delegação chinesa nas negociações em Washington, Liu He, deu a entender à imprensa estatal de seu país que, embora as diferenças comerciais com os EUA sejam profundas, conseguiu-se evitar um conflito maior no curto prazo. “Ambas as partes não vão empreender uma guerra comercial, deixando de aumentar as respectivas tarifas”, afirmou a agência de notícias chinesa Xinhua, descartando, portanto, a entrada em vigor de tarifas que teriam afetado uma parcela importante do intercâmbio comercial entre os dois países e que desagradavam a Pequim.

Liu disse que a China “contribuirá para os esforços dos EUA no sentido de reduzir seu déficit comercial”, sem detalhar cifras concretas que pudessem ter sido frutos das negociações. O alto funcionário afirmou, no entanto, que “é preciso tempo” para resolver os problemas estruturais das relações entre os dois países em matéria econômica e comercial, informa Xavier Fontdeglòria.

O pacto foi influenciado pela negociação aberta para conseguir a desnuclearização do regime de Pyongyang. A China, que absorve 90% das exportações da Coreia do Norte, joga um papel fundamental nessa partida. A fim de baixar a tensão na zona, ajudou a facilitar a reunião entre Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, que será realizada em 12 de junho em Singapura. Uma guerra comercial com o volátil Trump teria colocado em perigo os delicados desequilíbrios diplomáticos e, finalmente, frustrado a negociação tarifária.

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