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Mark Zuckerberg: “Faremos tudo para garantir a integridade das eleições no Brasil”

Fundador do Facebook faz 'mea culpa' e se mostra disposto a depor no Congresso dos Estados Unidos sobre o caso Cambridge Analytica

Mark Zuckerberg durante uma conferência.
Mark Zuckerberg durante uma conferência.Alberto Estevez (EFE)
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Mark Zuckerberg sabe que é considerado um ser robotizado, frio, calculista. Em sua primeira e única aparição depois do escândalo da Cambridge Analytica tentou apresentar seu lado mais humano. Apelou para sua responsabilidade com o futuro na entrevista exclusiva concedida à CNN na sede do Facebook em Menlo Park: “Quero que minhas filhas tenham orgulho do que faço.” Foi sua forma de reconhecer seu compromisso com a verdade e apresentar uma versão mais madura de sua personalidade para o público.

Com 14 anos de vida, o Facebook vive uma adolescência complicada, com as eleições como ponto mais crítico, especialmente depois da chegada de Donald Trump à Casa Branca: "Há um trabalho duro que precisamos fazer para tornar mais difícil para que estados-nação como a Rússia façam interferência eleitoral; para fazer com que trolls e outras pessoas não espalhem notícias falsas", afirmou à CNN. Zuckerberg esclareceu que a rede social vai reforçar suas medidas não só para garantir as eleições legislativas dos EUA em 2018. "Há uma grande eleição na Índia neste ano, há uma grande eleição no Brasil (...) você pode apostar que estamos realmente comprometidos em fazer tudo o que for preciso para garantir a integridade dessas eleições no Facebook".

Mas reconheceu que é possível que ainda tenham algum impacto nas legislativas de novembro nos EUA: “Tenho certeza de que alguém está tentando, mas acredito que nossa empresa vai impedir. Isso não é uma ciência exata.”

O diretor se mostrou disposto a depor perante o Congresso dos Estados Unidos: “Terei prazer em fazê-lo se for o que precisa ser feito. Queremos enviar a pessoa do Facebook que tem mais conhecimento, se essa pessoa sou eu, vou com prazer”.

Depois de se divulgar que a Cambridge Analytica teve acesso a mais de 50 milhões de perfis sem que a rede social se desse conta disso, a pressão para que deponha vai além dos Estados Unidos. O Facebook sustenta que a empresa britânica inicialmente coletou a informação com fins acadêmicos e que só depois violou as normas ao ceder os dados a terceiros.

Ante a pressão de políticos europeus e norte-americanos, Zuckerberg mostrou dúvidas sobre a possível regulamentação de sua criação: “Não tenho certeza se isso é necessário, mas acredito que a transparência na publicidade deve ser regulada”. Horas antes do encontro com as câmeras no pico máximo de audiência, às 21h na costa Leste (1h em Brasília), emitiu um comunicado em sua própria plataforma.

Nos apenas 30 minutos de entrevista lamentou a quebra de confiança dos usuários: “Foi uma quebra de confiança e sinto muito por isso. Temos a responsabilidade de proteger os dados das pessoas. Nossa responsabilidade é evitar que aconteça de novo.” Entre as medidas mais imediatas, mencionou limitar o acesso dos desenvolvedores de aplicativos aos dados do Facebook. Também prometeu rever, com efeito retroativo, o acesso que esses aplicativos têm atualmente. “Será um processo intenso, não sabemos o que vamos encontrar”, admitiu.

Zuckerberg se arrependeu de não ter agido antes. No início do ano já declarou que seu desafio para 2018 era arrumar o Facebook. Agora soa como profecia. Em 2015 ficaram sabendo das técnicas da Cambridge Analytica, mas não agiram: “Precisamos garantir que não voltaremos a cometer esse erro.”

Os arredores do Facebook esta manhã eram um enxame de veículos de imprensa fazendo imagens da fachada, um lembrete do caráter efêmero do setor dos gigantes tecnológicos, enquanto os vigilantes tentavam dispersá-los.

Depois do maior escândalo desde a criação da rede social, o fundador quer deixar para trás o lema institucional: “Mexa-se rápido e quebre coisas.” Visto em perspectiva, talvez o tenham levado longe demais.

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