Salah, o candidato inesperado à artilharia da Europa
O egípcio do Liverpool é artilheiro da Premier League, com 28 gols, e pode ser o primeiro africano a ganhar a Chuteira de Ouro da UEFA
Itália é o país europeu com os números mais chamativos nas camisas. Ronaldo Fenômeno usou a 99 em sua passagem pelo Milan, Zamorano o 1+8 na Internazionale, e Buffon defendeu o gol do Parma vestindo a 88.
Durante sua breve estadia pela Fiorentina na temporada 2014-2015, Mohamed Salah (Egito, 25 anos) usou a 74, mas não para se adaptar à moda do país que depois seria seu lar. No dia 1 de fevereiro de 2012, 74 pessoas faleceram como consequência dos brutais confrontos que se aconteceram no estádio de Port Said, em Port Said, durante uma partida entre o Al Ahly e o Al Masry. Salah, que então tinha tão só 19 anos, jogava no Arab Contractors e ficou impactado com a tragédia. Na sua chegada a Florença, elegeu esse número como homenagem a seus compatriotas falecidos.
Esse gesto e sua brutal transformação esportiva colocam-no hoje como um herói em seu país e em todo o continente africano, onde seguem sem acreditar que um egípcio seja o principal candidato a conseguir a Chuteira de Ouro da UEFA, prêmio dado ao maior artilheiro de uma liga nacional europeia da temporada. Com seus últimos quatro gols no Watford, neste sábado, Salah soma 28 na Premier League, três a mais que Messi na Espanha (25), quatro mais que Cavani na França, Harry Kane também na Inglaterra e Immobile na Itália (24).
Apesar de deixar sua juventude por uma carreira profissional no futebol, nunca deixou de lado suas crenças e portanto seu posicionamento político. Durante uma partida da fase de classificação da Champions de 2013, contra o Maccabi Tel Aviv e pelo Basel, onde jogou entre 2012 e 2014, não quis viajar a Israel por ser um "país opressor". Acabou indo, mas negou-se a dar a mão aos jogadores da equipe israelense. No momento do corredor, pré-jogo, ficou no banco, calçando as chuteiras. Na hora do cumprimento, fechou a mão e foi batendo com o punho.
Regularidade e constância
“É um jogador indecifrável”, disse Joe Gomez, seu colega no Liverpool. “Salah tem uma trajetória fantástica, mas tem que demonstrar suas qualidades constantemente. Sua regularidade é boa para nós. Seus colegas amam jogar com ele”, acrescentou Klopp, seu técnico. “O último jogador que eu lembro de ter a mesma influência em uma equipe foi Maradona”, reforçou o treinador alemão. Salah igualou a marca de Luis Suárez, que, em 2013, marcou quatro gols no Norwich.
Só faz oito meses que Salah comanda o ataque do Liverpool. O egípcio chegou no verão, da Roma, por 42 milhões de euros, com 34 gols e 24 assistências em 83 partidas. Os italianos, que o contrataram por menos de 15 milhões de euros, se viram obrigados a vender seu passe para cumprir com o fair play financeiro imposto pela UEFA.
Mas a trajetória de Salah na Inglaterra começou com um primeiro passo difícil no Chelsea. Mourinho decidiu trazê-lo da Suíça (onde marcou 20 gols e deu 17 passes para gol em 79 jogos) por 17 milhões de euros, mas em duas temporadas só lhe deu a oportunidade de jogar 19 vezes. Marcou dois gols. “Se observa como eu era há cinco anos e me vê agora, tudo mudou, tanto mental como fisicamente. Dedico toda minha vida ao futebol, só penso em futebol. É só o que está em minha cabeça”, reconheceu o jogador recentemente em uma entrevista para a BBC.
Nomeado Bola de Ouro africano 2017, seus gols com Egito (32 em 56 partidas) serviram para levar os faraós à Copa do Mundo da Rússia depois de 28 anos de ausência. “Vem muito bem, é um grande jogador e acho que pode fazer a diferença no torneio”, elogiou Neymar. “Poderia competir em uma corrida com Usain Bolt”, sugeriu seu ex-treinador na Suíça, Murat Yakin. Pela Chuteira de Ouro, já está competindo.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
¿Tienes una suscripción de empresa? Accede aquí para contratar más cuentas.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.