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Salvador, “o Carnaval de verdade”

Um olhar estrangeiro sobre a cidade que acaba de inaugurar o primeiro museu do Carnaval

Pablo León
Carnaval 2018: saída do Bloco Ilê Ayê.
Carnaval 2018: saída do Bloco Ilê Ayê. Tatiana Azeviche (Turismo Bahia)
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“Que me desculpem as outras cidades, mas o carnaval de verdade só se vive em Salvador. Não dá para comparar com nenhum outro, do Brasil e do mundo”, afirma no camarote municipal Isaac Edington, presidente da empresa pública Saltur e o coordenador dos festejos: “Foram programadas mais de mil horas de música”, diz. A prefeitura da quarta maior cidade do país gastou 50 milhões de reais para organizar as festas, para as quais calcula receber 770.000 turistas e reunir por volta de dois milhões de pessoas nas ruas. As autoridades mobilizaram 25.000 policiais militares para garantir a segurança. A festa começou na quarta-feira com a abertura da Casa do Carnaval, “o primeiro museu do Brasil, e do mundo, dedicado a essa festa”, de acordo com o prefeito, Antônio Carlos Magalhães Neto. “Por mais um ano, a Bahia terá o melhor carnaval do mundo”, diz Magalhães. Esses são alguns dos principais pontos da festa.

1. A rua

Performance carnavalesca nas ruas do Pelourinho (Salvador).
Performance carnavalesca nas ruas do Pelourinho (Salvador).John W. Banagan (Getty)

A região da Barra é um dos epicentros da festa. pela avenida Oceânica desfilam — por dia a partir das 13h — charangas, blocos e trios elétricos. Essa última formação foi criada na Bahia em 1951 pelos músicos Dodô e Osmar, aos quais se uniu Temístocles Aragão, que usaram um carro Ford de 1929. Armandinho, filho de Osmar, também desfila nesse carnaval com seu próprio trio por ele nomeado de Circuito do Centro, que também recebe o sobrenome de seu pai e vai da praça de Campo Grande à de Castro Alves. Tanto na Barra como no Centro ocorrem desfiles diariamente.

2. Os 'blocos'

O Ilê Alyê mantém vivo o legado afro-americano do país através da música. No sábado cruzou a cidade partindo do bairro de Curuzú, o de maior população negra. Também existem blocos LGTBIQ como o Mascarados e o Crocodilo (sai no domingo às 18h45; e na segunda-feira às 19h), que desfila acompanhado de Daniela Mercury.

Um bloco desfilando no carnaval de Salvador.
Um bloco desfilando no carnaval de Salvador.Per-Andre Hoffmann (Age fotostock)

3. Beco Da Off

Na Rua Dias d’ Ávila, 33, se concentra toda a atividade LGTBIQ. DJ todos os dias, purpurina, bailes, caipirinhas e cervejas, onde o ritmo não para desde o primeiro dia.

4. Camarotes

Um dos aspectos da festa mais criticados por alguns, que acham que significa elitizar o que sempre foi uma festa popular. A maioria está ao lado da praia, do Farol da Barra a Ondina. Existem de todos os tipos, classe e preço: a entrada de um dia oscila entre 150 e 4.000 reais. Nos camarotes de luxo, além de comida e bebida há um salão de beleza onde você pode cortar o cabelo, fazer a barba e fazer as unhas. Um dos mais interessantes é o de Gilberto Gil, onde nunca deixa de tocar música. O preço da entrada custa a partir de 1.890 reais.

5. Pelourinho

O coração histórico de Salvador não só conta com seu próprio programa de carnaval, como é o melhor lugar para se fantasiar e pintar o corpo de tinta branca, costume que tem sua origem na maquiagem utilizada pelo grupo de percussão Timbalada em suas apresentações, criado por Carlinhos Brown na favela do Candeal.

Membros do bloco Filhos de Gandhy durante o carnaval de Salvador.
Membros do bloco Filhos de Gandhy durante o carnaval de Salvador.Keren Su (Getty)

6. Casa do Carnaval

Em pleno Pelourinho, na Casa do Frontispício, a Casa do Carnaval acaba de abrir suas portas. Nesse espaço cultural é narrada a história do Carnaval, são exibidos trajes míticos, alguns dos melhores trios elétricos são lembrados e são enfatizadas as influências africanas da festa. Também se pode aprender a dançar samba, guiado por uma série de vídeos para não perder o ritmo.

7. Carnaval náutico

Em frente ao Solar do Unhão, antigo armazém portuário que atualmente é o MAM (Museu de Arte Moderna), se realiza no domingo o Carnaval Náutico. É a primeira edição dessa curiosa proposta que leva o ambiente festivo ao oceano. O plano consiste em embarcar (50 reais) e aproveitar a música e o baile no convés.

8. Eletrocarnaval

Carnaval de Salvador.
Carnaval de Salvador.Luis Veiga (Getty)

Nesse ano a sessão dedicada à música eletrônica teve um cuidado especial, com estrelas nacionais como o DJ NVD e o DJ Alok que tocará na Barra na terça às 17h.

9. Costa Itapuã

Essa antiga vila de pescadores (Itapuã significa a pedra que ronca, pelo som feito pelo Atlântico ao se chocar contra essa zona rochosa) permanece alheia ao carnaval e é o local perfeito para descansar um pouco da festa, tomar um banho de mar e praticar surfe na Praia Stella Maris.

10. Rio Vermelho

É a área de agito por excelência de Salvador. Se depois das festas de rua você quiser mais, esse é o lugar para ir. O bar Santa Maria, Pinta e Niña (Largo de Santana s/n), que tem seu nome das três caravelas com as quais Colombo chegou à América, convida a continuar a noite enquanto a discoteca XYZ (rua João Gomes, 249) anima a aproveitá-la até o amanhecer. Se você duvida, com dizem os baianos, o melhor é fluir com o Carnaval; deixar se levar pelos acontecimentos.

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