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Seu ano em pixels, um método para ver se 2018 está te tratando bem

Talvez seja o diário mais fácil de escrever

Jaime Rubio Hancock

A ideia de #yearinpixels (um “ano em pixels”) é simples: basta fazer uma grade com 365 quadros, um para cada dia do ano. E colorir cada quadro no fim do dia com uma cor diferente, dependendo se foi bom, regular ou ruim. O objetivo é poder avaliar rapidamente se está sendo melhor do que pensamos ou, se estiver indo mal, tentar fazer algo para remediar.

Sally Issa Ismail viu a ideia no Instagram, onde essa prática tem seu público. Gostou suficientemente dela, a ponto de experimentá-la no começo do ano. No caso dela é uma desculpa para dedicar algum tempo, mesmo sendo pouco, para refletir sobre como foi o seu dia: “Muitas vezes você está em piloto automático e não tem consciência disso. E em outras vezes você acredita que teve um dia ruim, mas ao refletir sobre seu dia percebe que foi só um momento pontual”.

Issa Ismail, que é psicóloga, lembra que frequentemente não temos consciência de todas as emoções que sentimos ao longo do dia. E enfatiza que mesmo as emoções negativas podem nos trazer algo. “Se o dia foi ruim, por exemplo, isso pode ajudá-lo a pensar sobre como poderia ter sido melhor”.

A psicóloga Amaya Terrón concorda com essa ideia: “Se o objetivo é avaliar nosso estado de ânimo, essa ferramenta nos faz tomar consciência de onde estamos e para onde queremos ir e é bastante adequada para isso”.

Não é usada apenas para marcar se você teve um dia bom ou não: outros escolhem diferentes cores e emoções, assinalando se ficaram irritados ou se sentiram cansados, por exemplo. Nessa linha, Terrón recomenda usar a mesma gama de cores, mas degradada, se quisermos avaliar a mesma escala em um contínuo (por exemplo: alegre-triste). “Se houver mais de dois aspectos qualitativamente diferentes, podemos usar outras cores, gamas e jogar com mais aspectos. Depende, como sempre, do uso pretendido”.

O ano em pixels faz Terrón se lembrar de uma ferramenta usada em terapia, os autoregistros. Essa técnica também consiste em atribuir pontos ou explicar as experiências diárias. Na opinião dela, é um método “muito útil porque permite que você se aproxime do cotidiano dos pacientes” por meio de um sistema que não é intrusivo.

“O objetivo é descrever a frequência em que aparecem certos comportamentos, condutas, sentimentos ou situações, escrevendo e atribuindo pontos aos pensamentos, ações e emoções para assim poder compreendê-los, defini-los e analisá-los”. Não serve apenas para o terapeuta, mas também ao paciente, que assim “pode tomar consciência da frequência e da intensidade com que determinada preocupação aparece e assim poder tirar conclusões com uma base objetiva”.

A técnica tem seus riscos, explica Terrón. Se virmos algo de que não gostamos é possível que fiquemos “ancorados nessa ideia sem sairmos daí”, em vez de tentar modificá-lo. Atribuir pontos dia a dia também tem o inconveniente de que não nos permite ver como o tempo pode mudar nossa “interpretação das coisas que aconteceram”. Ou seja, é possível que, depois de alguns meses, percebamos que uma demissão, para dar um exemplo, acabou sendo positiva porque nos permitiu encontrar um trabalho melhor. Bem, você sempre pode pintar por cima, embora seja uma fraude.

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