Jardim Gramacho, o lixo como única herança
Um percurso fotográfico pelo bairro do Rio onde se vive abaixo da linha da pobreza
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1A comunidade de Jardim Gramacho, onde esteve até cinco anos atrás o maior lixão da América Latina, é um bolsão de pobreza extrema. O local, que fica em Duque de Caxias, região metropolitana do Rio, foi completamente abandonado pelo poder público Ariel Subirá -
2A renda média per capita dos moradores do bairro é de 331,96 reais, 11 reais por dia, de acordo com levantamento da ONG Teto. São consideradas pelo Banco Mundial em "pobreza extrema" as pessoas que vivem com 1,90 dólares por dia, ou 6,18 reais Ariel Subirá -
3Os moradores que têm emprego recebem uma renda três vezes maior que a média, mas isso é privilégio de 55% das pessoas do Jardim Gramacho, segundo a Teto Ariel Subirá -
4De tão precárias que são as condições do bairro, os moradores não usufruem de água encanada e, muitas vezes, dependem de ligações clandestinas para terem acesso a eletricidade. Sequer rede de esgoto foi instalada na região Ariel Subirá -
5Crianças com cáries, alta evasão escolar, analfabetismo e convívio com ratos e insetos são outros problemas enfrentados pelos cerca de 20 mil moradores da comunidade Ariel Subirá -
6Antes do fechamento do lixão, em 2012, mais de 1.500 catadores oficiais tiravam seu sustento dali. Cerca de duas toneladas de materiais recicláveis eram garimpadas todos os dias. Cinco anos depois, lixões clandestinos comandados por traficantes foram instalados no local Ariel Subirá -
7Quando as atividades do lixão foram encerradas, o poder público fez inúmeras promessas - jamais cumpridas - para revitalizar a região Ariel Subirá -
8Sem a presença do poder público, muitos moradores acabam dependendo da ação de igrejas e ONGs que se dedicam a projetos sociais no Gramacho Ariel Subirá -
9A coordenadora da Teto, Carolina Thibau, avalia que a comunidade foi abandonada pelo poder público não por falta de dinheiro, mas em decorrência de decisões políticas. Ela lembra que Duque de Caxias é o terceiro maior PIB do Estado e o 21º do Brasil, segundo o IBGE Ariel Subirá -
10Uma das promessas para a região era o oferecimento de cursos profissionalizantes e novas fontes de renda aos moradores, que até hoje aguardam as medidas. Alguns catadores chegaram a receber indenização de cerca de 14.000 reais, quantia que se esgotou há muito tempo Ariel Subirá -
11O abastecimento de água de boa parte da comunidade é feito por meio de bombas de água. Muitas pessoas dependem da água da chuva até para lavar as roupas Ariel Subirá -
12É comum entre os moradores o entendimento de que os políticos só se deslocam até o Gramacho em época de eleição. O controle hoje é exercido pelos traficantes de drogas. São os chefes de quadrilhas que definem, por exemplo, os locais onde os barracos podem ser construídos -
13Catador do lixão do Gramacho por 25 anos, Rogério de Santos segue com seu ofício, que hoje lhe rende cerca de 20 reais por dia nos depósitos ilegais Ariel Subirá -
14Fátima Catarina, de 33 anos, mora em uma casa de três cômodos no Gramacho. Nos sofás da pequena sala, dormem quatro crianças. Para lavar a louça, ela usa baldes de água de chuva Ariel Subirá -
15Vanessa Dias, de 31 anos, espera o sexto filho. A renda da família é de 450 reais, que se tornam 2,3 por dia se divididos entre todos os membros Ariel Subirá -
16O maior desejo de Vanessa, que vive entre moscas até dentro de sua casa, é que pelo menos chegasse água encanada no bairro Ariel Subirá