_
_
_
_
_

EUA na ONU: “Coreia do Norte aproximou o mundo da guerra”

Washington pede ao Conselho de Segurança um boicote mundial ao regime de Pyongyang

J. M. AHRENS
A embaixadora dos EUA para a ONU, Nikki Haley, hoje no Conselho de Segurança.
A embaixadora dos EUA para a ONU, Nikki Haley, hoje no Conselho de Segurança.KENA BETANCUR (AFP)

Os tambores de guerra voltaram a bater no Conselho de Segurança da ONU. O míssil lançado na terça-feira pela Coreia do Norte, com capacidade para alcançar qualquer ponto dos Estados Unidos, desencadeou a resposta fulminante da embaixadora norte-americana, Nikki Haley, uma das estrelas em ascensão do Governo Trump. “A Coreia do Norte aproximou o mundo da guerra. Nunca procuramos nem pretendemos, mas, se vier, será devido a atos constantes de agressão como o de ontem e, caso ocorra, o regime ficará totalmente destruído”, afirmou Haley.

Em sua intervenção, a mais dura de todo o conselho, a embaixadora norte-americana pediu um boicote mundial ao regime de Pyongyang para deter sua corrida armamentista. “Os lançamentos avançam, a ameaça aumenta, a obsessão norte-coreana vai além. Inclusive se declararam um Estado nuclear. Mas estão matando o povo de fome para financiar sua produção armamentista”, afirmou Haley.

Consciente de que necessita do apoio da China, que controla 90% do comércio exterior norte-coreano, a embaixadora pediu a Pequim que coloque um fim em suas relações com Pyongyang, em especial o envio de combustível, necessário para levar adiante o programa nuclear.

J. M. ABAD / J. GALÁN / D. ALAMEDA

A China, em sua intervenção, demonstrou cautela. A crise norte-coreana é antiga, mas se acelerou desde a chegada de Trump à Casa Branca. A ditadura de Kim Jong-un autorizou 20 lançamentos balísticos e seis testes nucleares este ano. Ao mesmo tempo foram realizadas nove sessões do Conselho de Segurança. O resultado foi uma cascata de sanções contra Pyongyang.

Mais informações
Míssil lançado pelo regime norte-coreano pode atingir qualquer ponto dos EUA
Coreia do Norte desafia Trump com disparo de um novo míssil balístico
Trump chama Kim Jong-un de “gordo e baixo” depois de ser xingado de “velho lunático” pela Coreia do Norte

Trump conseguiu que a China se some a esse cerco. Mas diante do pedido ansioso de Haley no sentido de estrangular ainda mais Pyongyang, o representante chinês impôs sua própria velocidade, se ateve à aplicação das medidas já aprovadas e apresentou novamente a proposta que defende com a Rússia e que implica que a Coreia do Norte abandone seus testes em troca de os EUA deixar de realizar manobras conjuntas com a Coreia do Sul. Algo que Washington rechaça de saída.

O representante russo se expressou em tom mais duro. Não só criticou o desprezo flagrante de Pyongyang ao direito internacional como vaticinou uma “piora da situação” e reforçou a necessidade de conversas diretas. “As sanções foram aprovadas para abrir negociações, mas não devem ser usadas para causar mais problemas para o povo norte-coreano”, disse o embaixador russo.

Tanto Rússia como China foram as vozes mais frias do conselho. Coreia do Sul, Japão, Reino Unido e França se alinharam com clareza com as teses norte-americanas. “Não toleraremos que a Coreia do Norte tenha armas nucleares”, afirmou o embaixador japonês. “A pressão máxima de hoje pode abrir o caminho para a solução política amanhã. A firmeza máxima é nosso melhor antídoto diante do risco da guerra”, declarou o francês.

Nos próximos dias se espera que, além do âmbito da ONU, os EUA aprove novas sanções contra a Coreia do Norte. Muitos especialistas consideram que nenhuma conseguirá deter o objetivo do regime e que só uma vez que este disponha de um míssil balístico com capacidade para uma bomba nuclear se abrirá negociação. Trump prometeu evitar que Kim Jong-un consume seu objetivo e está exibindo toda sua musculatura militar e diplomática para evitar. Mas Pyongyang, cada vez mais isolada, segue adiante, dando as costas para as necessidades de sua paupérrima população. As grandes vítimas de tudo.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_