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Google penalizará veículos russos por divulgação de notícias falsas

O ‘Russia Today’ e o ‘Sputnik’ estão no escopo da investigação sobre a interferência russa em vários processos eleitorais, incluindo o que levou Donald Trump à Casa Branca

Van da Russia Today em Moscou.
Van da Russia Today em Moscou.KIRILL KUDRYAVTSEV (AFP)
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O Google está começando a tomar medidas contra a propaganda russa que se aproveita de seu sistema. Eric Schmidt, presidente executivo da Alphabet, o conglomerado de empresas ao qual pertence o buscador, quer barrar a divulgação de notícias falsas e, especialmente, conter dois veículos públicos russos, Russia Today e Sputnik, que serão penalizados em seu mecanismo de buscas. “Se continuarem desinformando vai ser pior. Não queremos chegar a proibi-los”, alertou Schmidt.

Em conferências sobre segurança cibernética realizadas no sábado em Halifax (Canadá), Schmidt afirmou: “Estamos cientes do problema e trabalhando para detectar formas de baixar a avaliação desse tipo de veículo [nos resultados de busca]. Basicamente são Russia Today [RT] e Sputnik. Estamos atentos e procurando uma solução para evitar que continuem assim”.

A RT funciona, teoricamente, como rede de televisão e portal de notícias, enquanto o Sputnik só trabalha na internet. Ambos os veículos estatais possuem versões em mais de 30 idiomas, o que amplia seu impacto mundial. Schmidt não detalhou quando entram em vigor as mudanças adotadas pelo buscador. “Sou contra a censura e claramente a favor de modificar seu peso. Entendo que é legítimo perguntar-nos como podemos dar mais importância a A do que a B, admito. Fazemos isso da melhor forma que podemos com milhões e milhões de avaliações a cada dia”, declarou.

Ambos os veículos estão no escopo da investigação sobre a interferência russa em vários processos eleitorais, a começar pelo que levou Donald Trump à Casa Branca. Também atuaram, especialmente a RT, na difusão de boatos, exageros e meias verdades sobre a crise separatista catalã.

“Normalmente, procuram amplificar a mensagem com informação reiterativa, explosiva, falsa ou negativa, mas que facilmente encontra culpados. Acredito que esses padrões podem ser detectados para tirá-los do ar ou torná-los menos relevantes”, disse Schmidt.

O Google deu o primeiro passo quando decidiu eliminar a possibilidade de comprar anúncios para promover esses conteúdos. Em outubro, tomou a incomum decisão de eliminar a RT de seu programa Premium no YouTube. Tanto no YouTube como no Facebook, a RT soube usar a viralidade para divulgar seus conteúdos com grande facilidade. Deixar de ser um sócio preferencial afasta a RT de anunciantes especiais, mas não a impede de continuar publicando vídeos em um canal com mais de 2,2 milhões de seguidores. Schmidt revelou, nesse contexto, que também está sendo feito um esforço adicional, junto à OTAN, para tirar do ar os vídeos do Estado Islâmico.

Os serviços de inteligência dos EUA já apontaram a RT e o Sputnik na investigação sobre a intervenção russa nas eleições presidenciais de 2016. No semana passada, o Departamento de Justiça exigiu que ambos os veículos se registrem como agentes estrangeiros, o que significa que operam em defesa dos interesses de outro país. Esta última medida implica um apoio ao Google quando forem feitas mudanças na forma de apresentar os resultados das buscas na seção de notícias. Se esses veículos não forem considerados imprensa estrangeira nos EUA, o buscador terá maior capacidade de manobra para penalizá-los.

Enquanto isso, o Facebook começou a revelar a origem dos anúncios desses veículos em sua plataforma, que apontam diretamente para agências russas. E o Twitter impede que comprem anúncios.

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