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Facebook, Twitter e Google admitem ter distribuído toneladas de propaganda russa nos EUA

No Senado norte-americano, gigantes tecnológicas reconhecem que o alcance dos conteúdos tóxicos foi muito maior do que o conhecido até agora

Representantes do Google, Twitter e Facebook depõem no Senado dos EUA.
Representantes do Google, Twitter e Facebook depõem no Senado dos EUA.Andrew Harnik (AP)

O alcance dos conteúdos tóxicos difundidos por agentes e entidades russas durante a campanha eleitoral norte-americana é muito maior que os gigantes tecnológicos tinham admitido até agora. Facebook, Google e Twitter disseram em depoimento nesta terça ante o Senado dos EUA que as publicações de origem russa alojadas em suas plataformas se contam em toneladas: as do Facebook alcançaram 126 milhões de usuários, o que equivale a um terço da população do país, e as contas no Twitter superaram as 2.700. Google, além disso, admitiu pela primeira vez que publicou vídeos que tinham a mão da Rússia por trás.

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O volume do conteúdo veiculado pela Rússia no Facebook que pode ter influenciado as eleições nos Estados Unidos em 2016 havia sido antecipado por reportagem do The Washington Post. Segundo o jornal, os trolls do Kremlin publicaram cerca de 80.000 notícias na rede social entre 2015 e 2017, que foram vistas em um primeiro momento por 29 milhões de norte-americanos. No entanto, o Facebook estima que, considerando o número de vezes que as informações foram compartilhadas, o total de usuários pode ter chegado a 126 milhões.

Esta quantidade é muito maior do que a calculada inicialmente, de cerca de 10 milhões de norte-americanos. Essa primeira estimativa havia se baseado em cerca de 3.000 posts anunciados e pagos pela trama russa para a empresa fundada por Mark Zuckerberg. No entanto, os posts gratuitos publicados pelo Kremlin no Facebook ampliaram enormemente a divulgação.

Em 2 de outubro, o Facebook divulgou um comunicado explicando a situação, que se tornou uma verdadeira dor de cabeça para a empresa, tanto que esta atualizou duas vezes sua versão inicial de 3.000 anúncios publicados a partir de 470 contas.

No âmbito da investigação da trama russa, que visa esclarecer se houve coordenação entre a equipe eleitoral de Donald Trump e o Kremlin para influenciar as últimas eleições presidenciais dos EUA, o Google reconheceu nesta segunda-feira, pela primeira vez, que suas plataformas também foram implicadas, revelando que os trolls postaram mais de 1.000 vídeos no YouTube em 18 canais diferentes.

A população dos EUA afetada por falsas notícias representa 40% do total, que soma cerca de 310 milhões de pessoas. O número surgiu no mesmo dia da acusação contra Paul Manafort, um dos braços direitos de Trump. Manafort, ex-chefe de campanha do atual presidente, se entregou ao FBI juntamente com seu parceiro, Rick Gates, para responder a uma dezena de delitos que incluem conspiração contra os Estados Unidos (por ocultar suas atividades e renda) e lavagem de dinheiro. As acusações não se referem à campanha eleitoral, e sim se concentram na assessoria a um político ucraniano aliado do presidente russo Vladimir Putin. Por outro lado, a confissão de outro assessor de Trump, George Papadopoulos, de fato levanta suspeitas de conluio: ele admitiu contatos com uma pessoa próxima ao Kremlin que lhe prometeu informações que comprometiam Hillary Clinton e se declarou culpado por ter mentido sobre o fato.

O Google cancelou, sem especificar o tipo de conteúdo que o levou a tomar a medida, 18 contas conectadas à trama. Foram publicados 1.108 vídeos no YouTube, vistos mais de 309.000 vezes entre junho de 2015 e novembro de 2016. A ferramenta de busca apenas reconheceu que os termos de uso da plataforma não foram respeitados.

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