Ricardo Gareca, o homem que tirou o Mundial do Peru em 1986 e o devolveu 32 anos depois
Treinador argentino foi o autor do angustiante gol que eliminou a seleção peruana do México 86
Ricardo Gareca é um nome que está escrito no destino do futebol peruano. Para o bem e para o mal. Para festejar ou lamentar. Para aplaudir ou vaiar. Para tudo. E para sempre. É o treinador que nesta quarta-feira conseguiu classificar o Peru para a Copa do Mundo da Rússia depois de 36 anos de ausências em campeonatos do mundo, e o mesmo que, como jogador da seleção argentina, anotou o gol que impediu a alvirrubra de se classificar para o México 86.
"Chega Passarella e Valdano, Passarella, Passarellaaaaa, gol Gareca gol, goool Arrrrrgentino", gritou o narrador naquele 30 de junho de 1985 quando a Argentina recebeu o Peru no Monumental e Ricardo Gareca converteu, aos 81 minutos, o tento do empate que lhes deu a classificação à Copa do México e que mandou o Peru para a repescagem, onde perderia do Chile. Desde então, a seleção peruana nunca voltou a jogar um Mundial. Gareca tampouco. Apesar do gol da classificação, o treinador Carlos Bilardo não o incluiu na lista final e o Tigre, seu apelido, ficou sem disputar a Copa do Mundo que a Argentina ganharia.
Hoje, aos 59 anos e à frente do Peru, Gareca pode desprender de sua casa o cartaz de vilão e substituí-lo pelo de herói. “Esta é a conquista mais importante que me coube viver”, afirmou emocionado depois da vitória de 2x0 do Peru contra a Nova Zelândia na partida de volta da repescagem.
O DIA EM QUE JOSÉ PÉKERMAN PREVIU O FUTURO
Quase como se tivesse a bola de cristal no lugar da bola de futebol, José Pékerman, treinador da seleção colombiana, garantiu há dois anos que Ricardo Gareca levaria o Peru outra vez a uma Copa. Era outubro de 2015 e, depois da partida em que a Colômbia venceu os peruanos por 2x0 na primeira jornada das eliminatórias sul-americanas, o técnico se aproximou do jogador peruano Carlos Lobatón, e apontando para Gareca, lhe disse: “Acreditem nele. Vai levar vocês ao Mundial”.
Gareca sorriu e deu uma pancadinha carinhosa na cabeça de Pékerman, como agradecendo-lhe a confiança, sem saber tudo o que aconteceria depois. Desde esse dia inicial, o Peru oscilou entre as posições sete e nove chegando ao penúltimo depois da metade das eliminatórias. Mas o Tigre se comportou como tal, e sem relaxar, conseguiu 15 pontos dos últimos 24 com quatro vitórias, três empates e só uma derrota que o catapultaram à zona de repescagem.
Já na última data, o Peru voltou a enfrentar a Colômbia. E na coletiva de imprensa prévia à partida um jornalista lembrou Pékerman daquele momento e lhe perguntou se continuava pensando o mesmo sobre Gareca e a possibilidade de ir ao Mundial. “Até amanhã às 6h30 da tarde continuo pensando igual”, disse entre sorrisos o técnico colombiano. A essa hora ambas as seleções iriam se enfrentar e já não podia ser imparcial. “De verdade me alegro muito por ele, pelo povo do Peru e pela decisão de respaldar um projeto que no futebol sabemos que não é fácil”, acrescentou.
Essa partida entre a Colômbia e o Peru terminou em 1x1. James Rodríguez abriu o marcador para a equipe visitante no começo do segundo tempo e paralisou todo o estádio até que aos 31 minutos apareceu o capitão Paolo Guerrero. E fez o impensável: mandou direto contra o gol um tiro livre que era indireto. E teve a sorte de que David Ospina tocasse a bola antes de ela terminar no fundo da rede. Era o gol do empate. Um empate que lhes permitiria jogar a repescagem. E uma repescagem que finalmente os coloca de volta em um Mundial. Pékerman tinha razão.
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