Desaceleração econômica da América Latina põe em risco a redução da desigualdade salarial
Estudo do Banco Mundial observa que a educação e os avanços tecnológicos são cruciais para conter as desigualdades
A desigualdade salarial na América Latina, minimizada durante a primeira década do século XXI, poderia aumentar em consequência da parada no crescimento econômico na região, segundo constata um relatório do Banco Mundial publicado nesta terça-feira. O estudo, intitulado Desigualdade de Renda na América Latina. Compreendendo o Passado para Preparar o Futuro, confirma a liderança dos países sul-americanos na redução da desigualdade em nível mundial e estabelece que as melhoras na educação e os avanços tecnológicos serão cruciais para manter a trajetória.
Durante os primeiros dez anos deste século, 16 dos 17 países latino-americanos – todos, exceto a Costa Rica – reduziram o fosso salarial entre empregados de diferentes setores e níveis profissionais. “A cifra caiu dramaticamente e continua baixando nos dias de hoje. A América do Sul reduziu as desigualdades mais que a América Central, mas foi uma tendência regional e única no mundo”, afirmou Joana Silva, economista principal da agência para a América latina e o Caribe no Banco Mundial, e uma das autoras do relatório.
“Entre ouros fatores, diminui a diferença entre os salários de pessoas com maior e menor nível educacional, a educação melhorou e foram equiparados os salários entre empresas para funcionários do mesmo nível”, afirma Silva. Nenhum país em específico liderou a tendência. Trata-se de um avanço em conjunto.
O crescimento econômico mundial da época também foi um importante fator. Mas a maioria das nações no mundo se expandiu à custa de maiores desigualdades. Nos países da OCDE, o fosso salarial aumentou progressivamente, com nações tradicionalmente equitativas, como Suécia e Dinamarca, liderando os indicadores, segundo uma análise da organização.
A desaceleração atual põe em dúvida se o êxito dos Governos latino-americanos pode ser mantido. “A desigualdade continua se reduzindo, mas a um ritmo mais lento desde 2011. Um menor crescimento poderia tornar mais lenta a redução do fosso salarial”, diz Silva. O estancamento das economias, afirma, vai requerer que os Governos empreguem mais recursos na expansão da educação e geração de empregos para evitar perder o progresso dos últimos anos.
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