Suspeito de ataque na Espanha diz que grupo preparava atentado maior
Os quatro homens detidos após as ações terroristas que deixaram 15 mortos prestam depoimento
A primeira declaração na Audiência Nacional serviu para deixar claras as intenções da célula jihadista que atacou Barcelona e Cambrils: o grupo preparava um atentado maior com explosivos e o imã Abdelbaki Es Satty iria imolar-se. Assim disse nesta terça-feira Mohamed Houli Chemlal, o jovem de 21 anos que ficou gravemente ferido na explosão da casa de Alcanar (Tarragona), onde os terroristas armazenavam dezenas de botijões de gás. Segundo informaram fontes judiciais, durante cerca de uma hora Houli respondeu às perguntas do magistrado Fernando Andreu e ratificou o relato dado aos Mossos (a polícia regional catalã). A Procuradoria pediu, em seguida, sua prisão sem fiança, como também para os outros três acusados.
Vestido com o pijama do hospital onde está internado e foi detido, Houli e os outros três presos – Dris Oukabir, Salah El Karib e Mohamed Aallaa – chegaram à sede da Audiência Nacional às oito e meia da manhã. A Guarda Civil os transferiu da Comandancia de Tres Cantos, onde passaram a noite de segunda para terça-feira. Uma vez na sede da Justiça, os quatro aguardaram nas celas até 12h50. Nesse momento começaram os interrogatórios de Andreu, que decidirá agora se os envia à prisão ou os coloca em liberdade. Todos são acusados de quatro delitos: integração de organização terrorista, assassinato, danos e posse de explosivos.
O ferido de Alcanar foi o primeiro a depor. Houli, que apontou o imã como o principal líder do grupo, especificou que a célula estava se preparando para cometer atentados em “monumentos” da capital catalã. Segundo fontes judiciais presentes no depoimento, este suposto jihadista não mencionou expressamente nenhum alvo. Os investigadores suspeitam que conseguiu salvar a vida porque, no momento da explosão, se encontrava na varanda da casa.
Em seguida, depois de um recesso e já passando das 15h50, chegou a vez de Dris Oukabir. Em um primeiro momento, quando os Mossos o prenderam, ele afirmou que se dirigia para a delegacia de Ripoll para denunciar que seu irmão, abatido em Cambrils, lhe havia roubado a documentação usada depois para alugar pelo menos uma das vans utilizadas pela célula. No entanto, nesta terça-feira disse que ele mesmo a alugou, mas achava que seria usada em uma mudança.
Segundo fontes judiciais, Oukabir também apontou o imã como o ideólogo e contou ao juiz que lhe pediram ajuda para conseguir o veículo e assim poder transportar móveis até um apartamento para onde se iriam mudar três dos integrantes da célula. Oukabir, de 28 anos, já era fichado pela polícia antes dos atentados da Catalunha. De acordo com informações de fontes da investigação à Efe, passou um mês na prisão de Figueres em 2012, depois de ser preso em caráter provisório por seu suposto envolvimento em um crime de abuso sexual.
Depois de Oukabir, depôs Mohamed Aallaa, o dono do Audi A3 interceptado em Cambrils. Segundo a versão que apresentou nesta terça na Audiência Nacional, o carro estava em seu nome “por uma questão de seguros”. Mas, na prática, segundo ele, era usado por um de seus dois irmãos envolvidos nos atentados –u m deles foi abatido e o outro está desaparecido, embora muitos indícios apontem que é o segundo morto na casa de Alcanar. Aallaa, de 27 anos, acrescentou que possui outro automóvel, um Seat Ibiza, que é o que usa.
O último a entrar na sala foi Salah El Karib, de 34 anos e dono de uma central de internet e telefonia de Ripoli, que se desvinculou da célula e afirmou que só agia como intermediário na compra de passagens de avião, para ficar com uma comissão. Segundo fontes judiciais, contou que adquiriu dois bilhetes, um para o imã de Ripoll e outro para Driss Oukabir – este último, para viajar ao Marrocos.
Os quatro compareceram diante de Andreu com a assistência de seus defensores públicos. Na sala também se encontrava Ana Noé, a procuradora encarregada do caso; Dolores Delgado, procuradora coordenadora para a luta contra o terrorismo jihadista e; e o procurador-chefe da Audiência Nacional, Jesús Alonso, e seu número dois, Miguel Ángel Carballo. O sumário segue sob sigilo da justiça.
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