Fracassa tentativa da OPEP de limitar a oferta de petróleo
Até a Arábia Saudita, defensora de cortes na produção, supera suas metas de extração
Continuam as más notícias para os países produtores de petróleo. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) adotou desde novembro uma política de restrição à oferta, na esperança de impulsionar uma recuperação do preço do produto, que vinha batendo recordes negativos. Mas a estratégia defendida pela Arábia Saudita está alcançando resultados no mínimo duvidosos. O preço permanece estagnado na faixa dos 45 a 50 dólares, e o corte não vem sendo feito conforme o previsto – em junho, a produção do bloco subiu pelo terceiro mês consecutivo.
O boletim mensal da OPEP, publicado nesta quarta-feira, revela um aumento de 1,2% na oferta de petróleo bruto dos países integrantes, o que representa 394.000 barris a mais do que a produção de maio. Chama a atenção que nem a própria Arábia Saudita, líder indiscutível da OPEP e principal defensora dos cortes, conseguiu seguir sua política e, pela primeira vez desde início das restrições, produziu acima dos seus objetivos.
O próprio secretário-geral do organismo, o nigeriano Mohamed Barkindo, admitiu que as “grandes expectativas” despertadas por essa política restritiva não se cumpriram. O objetivo era diminuir os estoques acumulados, o que não vem ocorrendo.
Os problemas se acumulam para um cartel que se vê incapaz de promover uma recuperação nos preços. O motivo do excesso de oferta não é apenas o boom do petróleo de xisto nos Estados Unidos, já que países como Líbia e Nigéria também aumentaram substancialmente sua capacidade. Ambos são membros da OPEP, mas, devido à situação política muito estável que atravessam, estão por enquanto isentos dos cortes que afetam os demais membros do clube de exportadores. Outro fator que contribui para o baixo preço do petróleo é a demanda dos países asiáticos, inferior à prevista.
Para lutar contra esta tendência de baixa, o grupo decidiu em maio manter os cortes pelo menos até março de 2018. Após a publicação do relatório, o preço do barril tipo Brent, que serve de referência na Europa, caiu para cerca de 47 dólares (150 reais), embora depois tenha se recuperado até superar os 48.
Previsões para 2018
O boletim mensal da organização, com sede em Viena, também lança suas primeiras previsões para o ano que vem. E elas não são muito animadoras para os interesses dos produtores. Conjuga uma ligeira redução na demanda por petróleo da OPEP e um crescimento da oferta de países que não participam do cartel – o que se deve principalmente à oferta abundante dos Estados Unidos, Brasil, Canadá e Rússia.
O relatório sustenta que os preços atuais abaixo dos 50 dólares limitarão o nível de investimentos e de perfurações no próximo ano. “Apesar desses fatos, esperamos para 2018 uma tendência ligeiramente de alta”, acrescenta o boletim.
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