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EUA acusam Síria de preparar outro ataque químico e ameaçam represálias

Casa Branca alerta a Assad que Damasco pagará um “preço alto” se promover outra matança como a de abril

Um menino brinca em frente a um edifício destruído em Damasco.
Um menino brinca em frente a um edifício destruído em Damasco.BASSAM KHABIEH (REUTERS)

Os Estados Unidos identificaram “potenciais preparativos” de um ataque químico por parte do regime sírio, informou a Casa Branca na noite de segunda-feira. Governo de Donald Trump advertiu que regime de Bashar al Assad pagará um “preço alto” caso cometa outra matança de civis, como a supostamente perpetrada em abril, que provocou uma retaliação militar norte-americana.

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A principal potência mundial lançou há quase dois meses 59 mísseis contra uma base militar do Exército sírio na qual supostamente foi preparado o ataque com gases tóxicos que matou dezenas de civis.

O possível novo uso de artefatos químicos, segundo Washington, resultaria “provavelmente” no “assassinato maciço de civis, incluindo crianças inocentes”. “As atividades são semelhantes aos preparativos feitos pelo regime antes do ataque com armas químicas em 4 de abril”, diz o comunicado da Casa Branca.

“Como já dissemos anteriormente, os Estados Unidos estão na Síria para eliminar o Estado Islâmico. Entretanto, se Assad promover outra matança maciça utilizando armas químicas, ele e seus militares pagarão um preço alto”, avisa.

A Síria se comprometeu em 2013 a entregar todo o seu arsenal químico como parte de um acordo com os EUA e a Rússia. Entretanto, o regime de Damasco, que tem em Moscou o seu principal aliado, reteve parte desse armamento, que utilizou desde então em várias matanças de civis.

O bombardeio de abril representou o primeiro ataque direto dos EUA ao Exército sírio nos mais de seis anos de sangrenta guerra civil no país árabe, que já causou centenas de milhares de mortes. A ofensiva não implicou uma reviravolta estratégica, e sim um alerta a Assad e seus aliados, desatando uma escalada da tensão militar entre Washington e as forças partidárias do regime.

Apesar de elevar o tom contra o ditador sírio nos dias posteriores ao ataque químico, os EUA mantiveram intactos os princípios da sua estratégia na Síria, em que a prioridade não é a saída de Assad, e sim a derrota do Estado Islâmico (EI). O grupo jihadista é um inimigo comum dos EUA, Rússia e Síria. O Pentágono conta com quase 1.000 soldados na Síria e realiza bombardeios diários contra o EI.

O comunicado do chefe de imprensa de Trump não detalha a origem da informação sobre os supostos preparativos de um ataque químico, mas parece servir como argumento prévio para uma eventual nova resposta militar de Washington.

Pouco depois da divulgação do comunicado, a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, alertou pelo Twitter que qualquer nova matança de sírios não será só culpa de Assad, mas também da Síria e do Irã que “o apoiam no assassinato do seu próprio povo”. Haley, que pertence à ala mais beligerante na política externa do Governo republicano, lançara advertências parecidas depois do ataque de abril.

Na véspera de ordenar o bombardeio contra o Exército sírio, Trump disse que sua opinião sobre Assad havia mudado “muito” depois do ataque químico e que, para ele, o ditador “ultrapassou muitas linhas” ao matar civis de forma indiscriminada. Foi uma alusão à “linha vermelha” seu antecessor, Barack Obama, que estabeleceu para o uso de armas químicas por parte de Damasco, ameaçando agir militarmente contra o regime de Assad caso esse arsenal fosse empregado.

Em agosto de 2013, Obama cancelou na última hora um plano de bombardeios seletivos contra o Exército sírio em represália por um ataque químico que matou quase 1.400 civis. O presidente democrata acabou optando pelo acordo com a Rússia de desmantelamento das armas químicas sírias, que acabou sendo insuficiente. Um ano depois, não foram as atrocidades de Assad, e sim a expansão do EI, o que levou Obama a iniciar a atual campanha de bombardeios contra os jihadistas.

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