FAB intercepta avião com 500 kg de cocaína que decolou da fazenda da família de Blairo Maggi, diz FAB

Ministro afirma que está acompanhando as investigações e que a fazenda "enfrenta a ação vulnerável do tráfico"

Foto cedida pela PM de Goiás mostra a aeronave.EFE
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A Força Aérea Brasileira (FAB) interceptou um avião que transportava 500 quilos de cocaína em Goiás na tarde de domingo, 25. Segundo a FAB, a aeronave decolou da Fazenda Itamarati Norte, no município de Campo Novo do Pareceis (MT). A fazenda pertence ao Grupo Amaggi, empresa do ramo agrícola pertencente à família do ministro da Agricultura e senador licenciado, Blairo Maggi (PP-MT).

Segundo a FAB, a informação sobre a procedência da aeronave foi dada pelo próprio piloto, no local. Por meio da sua conta no Twitter, o ministro disse que o piloto estava "desaparecido" e que ele está acompanhando as investigações sobre o local de decolagem do avião. Ainda na rede social, Maggi afirmou que a Fazenda Itamarati é extensa e enfrenta,  como o Mato Grosso, a ação vulnerável do tráfico". A assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura afirmou que não comentará o caso. Até o fechamento desta reportagem, a Polícia Federal de Goiânia não havia sido encontrada para confirmar o desaparecimento ou não do piloto.

Já o Grupo Amaggi informou, por meio de nota, que "a empresa tomou conhecimento do caso por meio da imprensa e aguarda o desenrolar das investigações". Também disse que a companhia não tem ligação com a aeronave interceptada e que não emitiu autorização para pouso ou decolagem. A área onde a empresa está situada conta com 11 pistas de pouso, segundo informações do Grupo.

Fonte: Força Aérea Brasileira (FAB).

De acordo com a FAB, o caça, em um primeiro momento, informou que pousaria em Santo Antônio do Leverger (MT), mas não pousou. A FAB então informou a mudança de rota e solicitou o pouso, mas a aeronave não respondeu. A partir de então, o avião passou a ser considerado "hostil", segundo os procedimentos da Força Aérea, e foi realizado um tiro de aviso. A aeronave então pousou na zona rural do município de Jussara (GO), onde a Polícia Federal acabou realizando a apreensão da droga. A atuação faz parte da Operação Ostium, que tem como objetivo coibir voos irregulares que possam estar ligados ao tráfico de drogas.

Segundo o Chefe do Centro Conjunto de Operações Aérea (CCOA), brigadeiro Arnaldo Silva Lima Filho, foi necessário dar um tiro de aviso depois de duas solicitações de modificação de rota não obedecidas. A medida, segundo a FAB, não atinge a aeronave suspeita, embora apresente o poder de fogo do caça e obrigue a cumprir as normas exigidas. “É um dos últimos recursos quando a aeronave não atende às executivas da defesa aérea”, diz.

Pasta base e helicóptero

Este é o segundo caso de apreensão de aeronaves com drogas na região de Mato Grosso e Goiás no ano. Em abril, um avião com 400 quilos de pasta base da cocaína fez um pouso forçado em em Tangará da Serra (MT) e cinco pessoas foram detidas. A empresa Amaggi afirmou que na ocasião "chegou a prestar apoio à operação da Polícia Federal". A aeronave foi encontrada em uma das pistas auxiliares da fazenda do Grupo.

Em novembro de 2013, outro episódio polêmico envolvendo um helicóptero, drogas e autoridades deu o que falar. Na ocasião, uma aeronave pertencente ao filho do senador Zezé Perrella (PMDB-MG), Gustavo Perrella (Solidariedade), foi apreendido com 445 quilos de cocaína no Espírito Santo. A Polícia Federal acabou descartando o envolvimento da família no tráfico de drogas e responsabilizou o piloto da aeronave, que era funcionário do gabinete de Gustavo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Mas o Ministério Público pediu a devolução de 14.000 reais utilizados por Gustavo para abastecer o helicóptero com verba indenizatória.

Em novembro do ano passado, Gustavo foi nomeado pelo ministro do Esporte Leonardo Picciani (PMDB) para o cargo de secretário nacional de futebol e direitos do torcedor. Já o pai, Zezé Perrella, voltou ao noticiário após as delações de Joesley Batista no mês passado. A PF descobriu que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) repassou dinheiro recebido de Batista a Mendherson Souza Lima, assessor de Perrella. Aécio, no entanto, havia pedido dinheiro ao empresário (2 milhões de reais) alegando que seria destinado ao seu advogado.

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