Governo Filipino descarta relação entre ataque a cassino e combate a Estado Islâmico no sul do país
Grupo terrorista reivindicou a ação que deixou 36 mortos em complexo de lazer na capital

Pelo menos 36 pessoas morreram em um ataque a um complexo de lazer na zona sul de Manila, capital das Filipinas, nesta quinta-feira. Enquanto a polícia ainda procurava o responsável pela ação – que cometeu suicídio pouco depois – o Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria do ataque, segundo o grupo de inteligência norte-americano SITE. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também se apressou em qualificar o incidente como um atentado terrorista.
As Filipinas rapidamente rejeitaram essa hipótese e descartaram que haja relação entre o ataque e os combates que seu Exército trava contra o grupo Maute na cidade de Marawi, na ilha de Mindanao, sul do país. “Esta situação específica em Manila não se relaciona com um ataque terrorista”, insistiu o porta-voz presidencial, Ernesto Abella.
Na semana passada, o presidente filipino, Rodrigo Duterte, declarou lei marcial em Mindanao depois de uma fracassada tentativa de capturar, em Marawi, o militante islâmico Isnilon Hapilon, líder de um grupo extremista associado ao EI. Pelo menos 171 pessoas morreram nos combates travados desde então nessa localidade, segundo o Exército. Duterte deixou aberta a possibilidade de estender a lei marcial a todo o país se forem registrados atentados em outras áreas.
A polícia também descarta. Segundo De la Rosa, tratou-se de uma tentativa de assalto cometida por um indivíduo que utilizou o incêndio como distração. “Por enquanto, podemos dizer que não é um ato terrorista. Não há elemento de violência, ameaça ou intimidação que nos conduza ao terrorismo”, declarou Oscar Albayalde, chefe da polícia de Manila. Segundo ele, depois de incendiar as mesas o agressor fugiu para outra sala anexa, onde, em meio a uma nova saraivada de tiros, encheu uma mochila com fichas de jogo no valor de 113 milhões de pesos filipinos (7,4 milhões de reais). Depois, durante a fuga, abandonou essa bolsa.
Albayalde também descartou uma motivação terrorista e ressaltou que as vítimas morreram por causa da fumaça. “Ele não feriu ninguém, não disparou contra ninguém”, insistiu. O chefe da Polícia de Manila também considera pouco provável a tese de atentado terrorista, e observa que seria impossível para o suposto assaltante trocar as fichas de jogo por dinheiro. Esta autoridade se inclina pela possibilidade de que se trate de um viciado em jogo que enlouqueceu: “Não podemos ainda estabelecer um motivo. Mas aparentemente tinha problemas mentais”.
Segundo este chefe da polícia, o agressor poderia ser estrangeiro. “Parece de raça caucasiana, falava inglês, é grande e branco, portanto provavelmente era estrangeiro”, declarou.
O ataque
A ação começou pouco antes da meia-noite (13h de quinta-feira em Brasília), quando um homem mascarado irrompeu a tiros no cassino do Resorts World Manila, nos arredores do aeroporto. Depois de quase sete horas de incerteza e pânico, a polícia anunciou o suicídio do agressor. No interior do complexo, os agentes encontraram os corpos de dezenas de pessoas asfixiadas pela fumaça. Outras 54 haviam sido pisoteadas pela multidão em fuga.
“Aproximadamente à meia-noite, um pistoleiro solitário irrompeu a tiros e ateou fogo a várias mesas do cassino. Os seguranças do complexo hoteleiro, junto com a polícia, saíram em sua busca, e nesta manhã, por volta das 7h [hora local], ele foi achado morto. Teria, segundo a versão policial, incendiado o próprio corpo antes de se matar com um tiro”, disse nota da empresa Resorts World Manila, que confirmou a morte de 22 clientes (10 mulheres e 12 homens) e 13 funcionários (10 mulheres e 3 homens).
O agressor – um homem de bigode, aproximadamente 1,80 metro de altura e aparência caucasiana, segundo a polícia – havia desaparecido entre o caos e a fumaça no cassino. Alguns o viram ir em direção ao hotel propriamente dito, nos andares superiores. Seu corpo foi achado num dos quartos, segundo a polícia. “Jogou-se na cama, se cobriu com uma manta grossa, parece que derramou gasolina sobre ela e ateou fogo”, informou o chefe da polícia filipina, Ronald de la Rosa. A polícia insistiu que o agressor não disparou contra ninguém, só contra objetos inanimados.
Até a manhã desta sexta-feira, 18 dos 54 feridos permaneciam no hospital, enquanto os demais tiveram alta após se constatar que sofreram apenas lesões leves.