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China prende ativista que investigava abusos em fábrica que produz sapatos para Ivanka Trump

Outros dois investigadores estão desaparecidos desde sábado

Três ativistas que investigavam as práticas trabalhistas em uma fábrica de sapatos fornecedora da empresa de Ivanka Trump estão presos ou desaparecidos. Os três participavam de uma investigação da ONG de direitos trabalhistas China Labor Watch, com sede em Nova York.

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Um deles, Hua Haifeng, foi preso na província de Jiangxi, no sudeste da China, onde fica uma das unidades de produção da calçadista Huajian, por suspeita de utilizar equipamentos de vigilância de forma ilegal. O paradeiro dos outros dois, Li Zhao e Su Heng, é desconhecido. Su estava infiltrado na fábrica de Jiangxi.

“Durante os últimos 17 anos, a China Labor Watch investigou centenas de fábricas em toda a China. É a primeira vez que um de nossos investigadores está preso sob um procedimento penal”, disse Li Qian, diretor da ONG, por email.

“As acusações da polícia em Jiangxi não têm base alguma. Nossos ativistas descobriram provas de que um fornecedor da marca Ivanka Trump tinha violado direitos dos trabalhadores, incluindo horas extras obrigatórias, remunerações abaixo do salário mínimo legal na China, abusos verbais dos chefes contra os trabalhadores e violações dos direitos da mulher”, acrescenta Li.

A ONG fez um apelo ao presidente Donald Trump, à própria Ivanka Trump e à empresa que leva seu nome para que defendam e pressionem em favor da libertação dos investigadores.

Até o momento, a Huajian, que também fabrica sapatos para outras conhecidas marcas ocidentais, não fez comentários sobre a situação dos ativistas. O fabricante fornece aproximadamente um terço dos calçados que a empresa de Ivanka Trump produz na China.

A CLW tem como missão investigar os abusos dos direitos trabalhistas nas fábricas chinesas, especialmente as que produzem artigos de consumo para marcas ocidentais. No passado, elaborou relatórios muito críticos sobre as condições em fábricas que forneciam produtos para Apple, Samsung e Walt Disney.

Agora preparava um relatório sobre as condições nas fábricas da Huajian nas cidades de Ganzhou (Jiangxi) e Dongguan, no sul da China. Em um estudo preliminar, havia denunciado que os trabalhadores de fábricas que produzem sapatos para Ivanka Trump na China são obrigados a trabalhar 12,5 horas diárias, seis dias por semana, com remunerações que às vezes não chegam a um euro (3,60 reais) por hora.

Hua e Li Zhao foram impedidos de sair da China quando tentaram partir para o exterior em abril e maio, e informados de que eram suspeitos de ter infringido a lei. Hua foi convocado a uma reunião com agentes de polícia do Departamento de Segurança Pública, em que foi interrogado sobre os motivos de seu interesse pelas fábricas da Huajian, segundo o diretor da CLW. O contato com os três ativistas foi cortado no fim de semana. No caso de Su, a última comunicação ocorreu no sábado. Nesta terça-feira, a esposa de Hua, Deng Guilian, recebeu um telefonema da polícia comunicando formalmente a prisão de seu marido.

Desde a chegada do presidente Xi Jinping ao poder, em 2012, a China endureceu gradualmente o controle sobre a sociedade civil para evitar o que considera potenciais ameaças à estabilidade ou ao comando do Partido Comunista. O endurecimento teve como alvos especiais os advogados de direitos humanos e as ONG, sobretudo as que têm vínculos com o exterior ou atuam na defesa dos direitos e na igualdade.

As ONG especializadas na defesa dos direitos trabalhistas se tornaram objeto de um escrutínio especial, em particular no sudeste do país, o grande núcleo manufatureiro chinês.

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