Temer convoca aliados para tentar frear debandada
PSDB, DEM e PPS debateriam o tema neste domingo, mas aguardam reação do Governo e perícia

O presidente da República, Michel Temer (PMDB), convocou líderes de sua base aliada no Congresso Nacional para debater, na noite deste domingo, a maior crise política enfrentada pelo seu Governo. Mais do que reunir possíveis colaboradores no Legislativo, o encontro tem como objetivo frear novas debandadas já neste fim de semana. O peemedebista também quer definir estratégias para minimizar o impacto dos 13 pedidos de impeachment contra ele que tramitarão na Câmara – o mais recente ainda será protocolado pela Ordem dos Advogados do Brasil no início desta semana.
O PSDB, o principal partido aliado do PMDB, tinha uma reunião extraordinária convocada para o fim da tarde deste domingo no qual poderia decretar a entrega de cargo de seus quatro ministros. Os tucanos cancelaram o encontro depois que o chefe da secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, que é membro da Executiva do PSDB, enviou o convite a todas as lideranças governistas para um jantar no Alvorada. A ideia inicial teve que ser mudada após alguns líderes dos partidos avisarem que não chegariam a tempo a Brasília. O jantar transformou-se então em uma reunião informal.
“Vamos ouvir o que o presidente tem a dizer. Depois, decidiremos o que fazer, se continuamos ou não no Governo”, afirmou um senador do PSDB. A classe política também quer esperar a perícia que o Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal fará nas gravações que o magnata da JBS, Joesley Batista, fez em diálogos com Temer, com o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e com o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Baseado em uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o presidente diz que o áudio passou por edições.
A perícia foi determinada pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, depois que Temer fez um requerimento formal a ele no sábado. O Ministério Público disse acreditar que não havia alterações ou edições nas gravações e concordou com a perícia. Até a próxima quarta-feira, o STF decide se acata outro pedido de Temer, o de suspender o processo até a conclusão da perícia.
O presidente é investigado pelos crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e constituição e participação em organização criminosa. Segundo delatores da JBS, Temer teria concordado em comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e em receber propinas para interceder em favor da empresa – esse último delito teria sido intermediado pelo deputado Loures. O presidente nega que tenha cometido esses crimes e diz que não renunciará ao seu mandato por conta da crise política instalada após a delação da JBS.
Além do PSDB, outras duas legendas desistiram de fazer reuniões internas para discutir o desembarque do Governo: o PPS e o DEM. Líderes dos dois partidos confirmaram participação no jantar de Temer. No sábado, o PSB, que tem 35 deputados federais e 7 senadores decidiu se tornar oposição.
Desde o início da tarde de domingo, ministros que estiveram ausentes do último pronunciamento de Temer no sábado, começaram a chegar no Palácio da Alvorada. A reunião também foi convocada com o intuito de mostrar que ainda há coesão entre a base, apesar de isso não ter ficado claro nas últimas movimentações entre os representantes dos partidos no Congresso Nacional.
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