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VÍDEOS | Lula X Sérgio Moro: os embates

Ex-presidente petista negou ter pedido reformas em um triplex no Guarujá e reclamou de Power Point

Neste trecho, Lula reclama do Power Point feito pela acusação.

A Justiça Federal do Paraná disponibilizou na noite desta quarta-feira a íntegra do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, um dos responsáveis por julgar a Operação Lava Jato na primeira instância, em Curitiba. Esta é uma das cinco ações penais a que Lula responde, na qual é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva por supostamente ter aceitado favores da OAS em troca de favorecer a empreiteira em contratos com a Petrobras. Lula nega as acusações, diz que há uma intenção dos procuradores de incriminá-lo. A acusação debate dois fatos específicos: reformas em um triplex no Guarujá que, segundo o Ministério Público, foram feitas para a família Lula, que nega ter comprado o imóvel; e o financiamento da construtora para o armazenamento de presentes do ex-presidente. A maior parte do depoimento, que durou horas, correu em clima ameno, mas também houve embates. Veja os principais trechos:

"O que prejudicou essas empresas foi a corrupção ou o combate a corrupção?"

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Um depoimento à Justiça que virou embate político

Sérgio Moro questiona Lula sobre suspeitas de corrupção na construção da refinaria Abreu e Lima.

Moro: O senhor entende que houve falha?

Lula:  Doutor Moro, o senhor se sente responsável pela Lava Jato ter destruído o setor de construção civil? Por 600 mil pessoas que perderam emprego?

Moro: O senhor entende que o que prejudicou essas empresas foi a corrupção ou o combate a corrupção?

Lula: Foi o método de combater a corrupção. Quando um juiz e os acusadores se submetem à imprensa para prender as pessoas, tudo o mais é possível, doutor.

Moro: De que forma se submete a imprensa?

 Alguém interrompe e diz que não é um debate entre o Moro e o ex-presidente.

"Aliás, o doutor Dellagnol, que fez aquele Power Point, deveria estar aqui"

Moro pergunta a Lula sobre reformas feitas no triplex do Guarujá.

Moro: Acusados e testemunhas disseram isso, inclusive um acusado na última semana (disseram que as reformas no triplex foram feitas para a família Lula)

Lula: "Aqui na sua sala tiveram 73 testemunhas. Grande parte de acusação do Ministério Público e nenhuma me acusou. O que aconteceu nos últimos 30 dias, doutor Moro, vai passar para a história como “o mês Lula” porque foi o mês em que vocês trabalharam, sobretudo o Ministério Público, para trazer todo mundo para dizer uma senha chamada Lula. O objetivo era dizer Lula. Se não dissesse Lula, não valia.

Moro: O senhor entende que existe uma conspiração contra o senhor?

Lula: Não. Eu entendo e acompanho pela imprensa que pessoas como Leo Pinheiro está há algum tempo tentando fazer delação. Primeiro ele foi condenado a 23 anos de prisão. Depois se mostram na televisão como é a vida de nababo dos delatores. O cara fala: porra, eu estou condenado a 23 anos e os caras pagaram uma parte estão vivendo essa vida? Então, delatar virou quase o alvará de soltura dessa gente. Eu vou discutir, em algum momento, o contexto. O contexto está baseado em um Power Point mal feito, mentiroso, da Operação Lava Jato. Aliás, o doutor Dellagnol, que fez apresentação, não está aqui. Deveria estar aqui para explicar aquele famoso Power Point, sabe? Aquilo é uma caçamba onde cabe tudo. Aquele Power Point não está julgando o Lula pessoa física ou pessoa jurídica. Estão julgando o Lula presidente da República e isso eu quero discutir.

"O senhor sabe, por exemplo, a mágoa profunda que eu tenho do vazamento das minhas conversas"

Moro pergunta sobre a declaração de Lula, feita na semana passada em evento do PT: “Se eles não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mando prendê-los pelas mentiras que eles contam”.

Moro: O que o senhor quis dizer com esse tipo de declaração?

Lula: Eu quis dizer que a história não para com este processo. A história um dia vai julgar se houve abuso ou não no meu caso.

Moro: E o senhor pretende mandar prender esses agentes públicos?

Lula: Como eu vou saber? Eu não sei nem se eu vou estar vivo amanhã. Isto é uma força de expressão. O dia que você for candidato, o senhor vai ter muita força de expressão.

Lula: Todos nós temos que tomar cuidado com as declarações. O senhor sabe, por exemplo, a mágoa profunda que eu tenho do vazamento das minhas conversas com a minha mulher e dela com os filhos dela. E eu nunca falei nada. Estou tranquilo, vamos esperar. O tempo se encarrega de recontar a história.

Moro: Isso não está em consideração aqui, senhor ex-presidente. Em um outro momento nós podemos explicar isso pro senhor, se for necessário. Esta é a minha última pergunta. Tem uma ação penal ainda contra o senhor envolvendo o suposto recebimento de propina do grupo Odebrecht, a investigação do sítio em Atibaia, pagamento de mesada do grupo Odebrecht supostamente ao seu irmão e seu sobrinho, mas esses fatos não compõem a denúncia e não seria apropriado fazer indagações a respeito deles.

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