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Neymar e Baptistão, do pátio da escola a rivais em Barcelona

Os atacantes brasileiros, amigos desde a infância em Santos, enfrentam-se em clássico na cidade catalã

Juan I. Irigoyen
Baptistão comemora seu gol no Osasuna.
Baptistão comemora seu gol no Osasuna.JESÚS DIGES (EFE)

Na última temporada de transferências, o então diretor esportivo do Espanyol, Ángel Gómez, chamou Leo Baptistão para tentar levá-lo para o estádio Cornellà. O brasileiro gostou do projeto da segunda equipe da cidade de Barcelona, mas antes de dizer sim tinha que falar com um velho amigo de infância. “Ney, o Espanyol quer me contratar”, disse a Neymar, que havia se mudado para Barcelona três temporadas antes. “Bro, vem pra cá. A cidade é fantástica e vamos ficar perto”, respondeu o atacante do Barça. Rivais neste sábado no dérbi catalão, colegas desde sempre, Baptistão e Neymar são unidos por uma relação de quando mal podiam sonhar em se tornar jogadores profissionais de futebol.

Neymar, no centro da imagem, junto a Baptistao, direita.
Neymar, no centro da imagem, junto a Baptistao, direita.

“Quando Leo me contou que tinha assinado com o Espanyol, fiquei muito feliz por ele, e também por mim. Fiquei contente porque íamos voltar a viver na mesma cidade e, como quando éramos pequenos, a convivência seria incrível”, explica Neymar ao EL PAÍS. E foi o que aconteceu. Baptistão se integrou rápido ao grupo de amigos do 11 azul-grená, e não é difícil vê-los juntos em Barcelona. Embora, de vez em quando, isso lhes dê alguma dor de cabeça, como quando Baptistão foi criticado por uma parte dos alvicelestes por ir à festa de aniversário de Neymar.

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“São jovens, têm a mesma nacionalidade, são amigos desde a infância... Existem limites: uma coisa é o futebol, a esportividade, isso é fenomenal, mas é preciso deixar que as pessoas vivam conforme suas emoções. O trabalho não tem que privar alguém de se expressar como a pessoa é”, defende Quique Flores, técnico do Espanyol.

Eles, de qualquer forma, seguiram adiante. E esta semana Neymar publicou no Instagram um vídeo junto de Baptistão. O assunto? O clássico deste sábado. “Chegou a hora”, disse o jogador do Barça. E os dois atacantes fingiam se desafiar para uma luta de boxe. Hoje se enfrentando no Espanyol X Barcelona, ontem no Jean Piaget X Liceu Santista, a história entre Baptistão e Neymar começou no pátio de uma escola. Em 2004, num torneio escolar os times do Piaget (Baptistão) e do Liceu (Neymar) se enfrentaram: o duelo terminou empatado, com dois gols marcados por cada um, e na disputa de pênaltis prevaleceu a equipe do azul-grená. Sempre no futebol de salão, voltaram a se enfrentar no duelo entre o Gremetal e o Santos. Até que, quando tinham 12 anos, ficaram juntos na Portuguesa Santista.

“Hoje, quando lembro de nossas conversas de criança, fico muito feliz. Nós dois conseguimos realizar os sonhos da nossa infância”, diz Neymar. “Quando se é criança, a esperança é de virar profissional. Todos tínhamos nossas dúvidas, mas no caso de Neymar estava claro que ele era destinado a ser um jogador de destaque. Achávamos que seria um craque, e agora é”, afirma Baptistão. E Reginaldo Fino, técnico de ambos na Portuguesa Santista, declara: “Havia muita diferença entre eles dois e o resto dos meninos. Era claro que eram diferentes”.

O filme da infância

De pai óptico e mãe nutricionista, Baptistão teve uma infância mais folgada economicamente que a de Neymar. Aposentado do futebol profissional (nunca na primeira divisão), o pai do azul-grená foi ganhar a vida como mecânico. “O pai do Leo ia buscá-los, e passavam o fim de semana inteiro juntos na casa do Baptistão”, lembra Fino. Na Liga eles se enfrentaram três vezes, a mais recente delas no Villarreal X Barça da temporada 2015-2016, com o pai do alviceleste no estádio. Quando o jogo acabou, Neymar foi encontrá-lo. “Esse abraço significou muito para mim. Encontrar amigos depois de tanto tempo foi muito emocionante. Na minha cabeça passou um filme da minha infância, desde as primeiras lembranças com Leo e sua família, até chegarmos àquele momento”, conta Neymar.

Neste sábado pela primeira vez se enfrentaram num Espanyol X Barça. O alviceleste saia de uma lesão muscular, e o do Barça já tinha cumprido sua punição por três partidas. Embora Baptistão tenha começado na reserva, o treinador, Quique Flores, deu chance a ele no segundo tempo. Nenhum dos dois conseguiu marcar um gol, e o jogo terminou com a vitória do time de Neymar por 3 x 0. E ali estiveram juntos no gramado os dois velhos amigos agora como rivais, do pátio da escola para o dérbi catalão. 

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