Irã censura decote de Charlize Theron durante o Oscar
Agência retoca grosseiramente as imagens de entrega do prêmio ao filme iraniano ‘O Apartamento’
Lembra-se o do espetacular vestido Dior que Charlize Theron usou na cerimônia do Oscar 2017? O decote deve ter parecido tão espetacular aos censores iranianos que decidiram cobri-lo com um borrão tosco. Theron foi, juntamente com Shirley MacLaine, encarregada de apresentar o prêmio de melhor filme estrangeiro e, como o iraniano O Apartamento era um dos favoritos, na República Islâmica havia uma expectativa compreensível. Ainda mais quando seu diretor, Asghar Farhadi, boicotou a cerimônia em protesto ao veto migratório de Trump aos iranianos.
Não se sabe quantos iranianos acompanharam a cerimônia do Oscar pelos meios de comunicação locais, mas aqueles que viram a versão transmitida pela agência ILNA perderam grande parte do glamour. A paranoia dos censores chegou ao extremo de pixelizar o discreto decote assimétrico de Anousheh Ansari, a empresária iraniano-americana que foi enviada por Farhadi para receber a estatueta, a segunda que recebe da Academia.
“É outro exemplo típico do medo da República Islâmica dos braços descobertos das mulheres iranianas”, diz a feminista iraniana no exílio Masih Alinejad, que denunciou a manipulação na página do Facebook de sua campanha contra a obrigatoriedade do véu.
Sua postagem começava com um sarcástico “o Oscar de melhor censura vai para a equipe de Photoshop da República Islâmica”. Seria mais apropriado “o Razzie da pior censura” porque, além do aspecto questionável do esforço, o próprio processo foi uma formidável gambiarra.
Os técnicos usaram um programa antigo para cobrir os braços, o pescoço e o decote de Theron com uma manha preta. O improvisado pulôver virtual foi, no entanto, incapaz de acompanhar os movimentos da atriz sul-africana, que a cada vez que dava um passo deixava seus encantos expostos. Em vista do fracasso, acabaram pixelizando um retângulo de imagem suficientemente grande para evitar surpresas, mas que quase não deixava ver a cabeça da atriz. Quando Ansari subiu ao palco para receber o prêmio, o retângulo se tornou um polígono hexagonal que dançava tentando cobrir seu pescoço.
“É sem dúvida vergonhoso, mas é como a imprensa iraniana cobriu esses eventos durante anos”, explicou Alinejad.
Mas não apenas as atrizes são objeto dessa ridícula obsessão. Quando, em 2011, Lady Catherine Ashton, então chefe da diplomacia europeia, se reuniu pela primeira vez com o negociador iraniano Saeed Jalili em Istambul, a imprensa iraniana escondeu com Photoshop espaço entre a gola da camisa e seu pescoço. De fato, as políticas e empresárias que visitam a República Islâmica são obrigadas, como o resto das mulheres, iranianas ou não, a cobrir a cabeça durante sua estada no país. E mesmo assim seus trajes podem gerar controvérsia, como aconteceu com a eurodeputada holandesa Marietje Schaake.
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