Governo do Espírito Santo endurece o tom e indicia mais de 700 PMs por paralisação
Mulheres e familiares dos agentes que bloqueiam batalhões também poderão ser responsabilizados

Após uma semana de paralisação da Polícia Militar no Espírito Santo e o fracasso de uma rodada de negociações, o secretário de Segurança Pública do Estado, André Garcia, endureceu o tom com os PMs e com suas esposas acampadas nas portas dos batalhões. Segundo Garcia, 703 policiais já foram indiciados pelo crime de revolta e podem pegar de 8 a 20 anos de detenção caso sejam condenados. O secretário informou ainda que os PMs terão o ponto cortado e não vão receber pelas escalas especiais.
A falta de policiamento nas ruas desencadeou uma onda de violência no Espírito Santo, com um elevado número de assaltos, saques e homicídios. Nos últimos sete dias, 121 mortes violentas foram registradas no Estado, segundo o último balanço do Sindicato dos Policiais Civis.
Em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira, Garcia disse que o governo já esgotou a capacidade de diálogo com os representantes do movimento e enfatizou que as mulheres que lideram a manifestação também serão responsabilizadas. "Quanto mais o tempo passa, mais o cerco se aperta para essas mulheres", disse o secretário. Ele garantiu que elas serão responsabilizadas pelos custos da mobilização das Forças Armadas e que “o recado está dado”.
"Estamos identificando com imagens, e diversas já foram identificadas. As imagens serão encaminhadas para o Ministério Público Federal, que solicitou a identificação das responsáveis por esse movimento", disse.
O coronel Alves da Costa, que também participou da coletiva, afirmou que, por enquanto, as tropas não receberam ordem para retirar as famílias dos PMs das portas dos quartéis e que o objetivo principal agora é garantir a segurança da população. Garcia informou ainda que 3.000 militares estarão nas ruas do Estado nesta sexta e que pedirá mais efetivo.
Os anúncios feitos nessa manhã ocorrem um dia após uma reunião de 10 horas que terminou sem acordo entre o Governo e representantes do movimento das esposas dos policiais militares. As mulheres pedem reajuste salarial dos policiais militares de 43%, além de melhores condições de trabalho.
Nesta manhã, o secretário voltou a dizer ser impossível atender a reivindicação de aumento do salário. “Não há dinheiro. Não há folga financeira nem legal. O Estado já vem sendo notificado pelo Tribunal de Contas”.