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Ex-aluno da UERJ, ministro do STF quer debate sobre financiamento

Barroso defende em artigo que se pense em novas fórmulas para sustentar as universidades públicas

María Martín

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) gaba-se de ter entre seus ex-alunos figuras ilustres como o ex-diretor do Inca (Instituto do Câncer), Marcos Moraes, o ex-ministro do Tribunal Supremo, Joaquim Barbosa, e um dos atuais ministros Luiz Fux, mas um deles trouxe à tona às vozes de quem defende a privatização do ensino superior no Brasil. O ministro do STF Luís Roberto Barroso convidou, em um artigo publicado no jornal O Globo no final de semana passado, a pensar em novas fórmulas para sustentar as universidades públicas. O artigo surge em um momento em que a UERJ enfrenta sua mais dura crise e acusa o Governo de "forçar" seu fechamento.

Ministro do STF Roberto Barroso
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“A crise da UERJ revela não apenas a falência do Estado do Rio, mas também de um modelo de financiamento da universidade do Brasil” afirmava Barroso. “Precisamos conceber uma universidade pública nos seus propósitos, mas autossuficiente no seu financiamento”, explicava Barroso, inspirado no modelo norte-americano, capaz de atrair filantropia e doações dos ex-alunos. “O Orçamento público tem que ser, prioritariamente, para ensino fundamental é médio”, continuava.

A opinião de Barroso causou polêmica e foi atacado nas redes sociais por alunos e professores. Tampouco caiu bem na reitoria. “Se há um projeto deliberado de desmonte da Universidade pública a gente não sabe, mas hoje voltou a discussão de como o Estado deve financiar o ensino superior. Mas devemos ter em conta que no Brasil, o ensino superior já e na sua maioria privatizado. É fundamental garantir que a camada de população mais pobre tenha acesso. Se acabarmos com as poucas instituições de ensino públicas, só teremos ricos nas faculdades”, lamenta o reitor de pós-graduação e pesquisa, Egberto Gaspar de Moura.

“Com a crise começaram a se ouvir questionamentos sobre se vale a pena manter a universidade neste formato, sem cobrança ao aluno. A imagem que a UERJ pode passar é de que é um lugar para pessoas privilegiadas, mas se passasse a cobrar mensalidade, muita gente não conseguiria continuar estudando aqui. Não sou a favor da privatização dos recursos da UERJ, mas sim acho que devemos aproveitar essa crise repensar nossa relação com a sociedade, demonstrar quanto somos importantes”, afirma Maurício Santoro, chefe de departamento de Relações Internacionais da UERJ e professor também de outras instituições privadas.

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