Técnico holandês Van Gaal anuncia aposentadoria por razões pessoais
Drama familiar leva treinador holandês, que tinha propostas da China, a interromper a carreira
Muitas coisas podem ser ditas sobre Aloysius Paulus Maria van Gaal. A primeira é que ele é conhecido como Louis. Em seguida, que ele não vê nenhuma graça em ser chamado pelo nome de nascença e reage a isso expressando a personalidade tão peculiar que deixou a sua marca em todos os clubes por onde tem passado. Ou por onde passou, pois o técnico holandês, de 65 anos, anunciou no Telegraaf, um jornal de seu país, que está abandonando a carreira. E o faz por motivos familiares, já que a morte repentina de seu genro alterou todos os planos de Van Gaal, que se preparava para tirar um ano sabático inteligente - como ele mesmo definiu - depois de ser demitido do Manchester United em maio de 2016, na sua segunda temporada como comandante dos Red Devils.
Em 864 jogos como treinador, registrou 60,5% de vitórias, 19,7% de empates e 19,9% de derrotras
“Aconteceram fatos na minha família que me transformaram novamente em um ser humano com o nariz voltado para a realidade”, afirmou. Em dezembro, o marido de uma de suas filhas –ele tem duas, Renate e Brenda - morreu subitamente, um acontecimento que atingiu a família em cheio e que levou o treinador a repensar suas prioridades, a ponto de descartar integralmente a possibilidade de atuar na China, de onde recebeu propostas muito atraentes. “Eu poderia ir para lá. Mas estou aqui. Não acredito que volte a treinar”, disse.
Se suas palavras se confirmarem, o último posto que Van Gaal terá ocupado como treinador foi na Inglaterra, no Manchester United, clube ao qual chegou em 2014 e onde não conquistou nenhum título. Muito para trás ficou o seu período no Ajax, entre 1991 e 1997, quando obteve três títulos da Eridivisie, uma Copa, três Supercopas da Holanda, uma Champions League, uma Copa da UEFA, uma Supercopa da Europa e um Mundial de Clubes, sem dúvida o seu momento de maior sucesso como técnico.
Sua trajetória, porém, alçou novos voos depois de ele desembarcar no Barcelona (1997-2000), com o qual ganhou dois campeonatos espanhóis, uma Copa e uma Supercopa da Europa. Mesmo assim, sua personalidade um tanto azeda fez com que se firmasse dele uma imagem às vezes desagradável - quem não se lembra do seu ‘Sempre negatifo, nunca positifo’? -, que ainda persiste na memória dos torcedores do Barça. O que, no entanto, não apaga o seu currículo no Camp Nou, em que pode registrar o fato de ter lançado jogadores como Xavi e Puyol, que se transformariam em grandes ícones do clube. Sua relação difícil com o então presidente José Luis Núñez levou a que fosse demitido ao final da última temporada, durante a qual um de seus assistentes era José Mourinho.
Depois de passar pelo Barcelona, foi comandar a seleção da Holanda, mas seu período como treinador da Laranja Mecânica acabou sendo breve. O fracasso representado pelo fato de o país não se classificar para a Copa do Mundo de 2002 precipitou sua saída, embora tivesse um contrato de seis anos. Ele mesmo se demitiu, em 2001, contra o desejo da sua Federação.
Essas duas demissões seguidas, no entanto, não fizeram com que Van Gaal jogasse a toalha. Voltou para o Barcelona em 2002, onde não conquistou nenhum título, sendo demitido em janeiro de 2003. Depois de uma breve passagem como assessor no Ajax ao lado de Ronald Koeman, com quem teve uma rusga que os levou a uma ruptura, foi para o AZ Alkmaar, onde conquistou o título da Eridivisie em 2009. Essa volta às origens o catapultou de novo para o futebol de elite, levando-o a aterrissar no Bayern de Munique, em 2009. Na Alemanha, conquistou uma Bundesliga e classificou a equipe para a final da Champions League, em que perdeu para a Inter de Milão, comandada então pelo seu ex-assistente José Mourinho. Depois de uma sequência de resultados negativos, foi demitido em 2011 e voltou para a seleção holandesa, com a qual conquistou o terceiro lugar na Copa de 2014, conquistado após a vitória contra o Brasil por 3 a 0.
Registrando uma taxa de vitórias de 60,5%, 19,7% de empates e 19,9% de derrotas, em um total de 864 partidas como treinador, Van Gaal decidiu agora se afastar dos quadros-negros e das cadernetas –dois elementos típicos de suaperformance nos bancos— por um prazo indefinido.
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